O desafio referente à produção de conteúdos nas plataformas digitais será tema do minicurso “Jornalismo Audiovisual Online: panorama, fundamentos e tendências”, que tem início nesta segunda-feira, 27, e segue até 3 de abril. Com carga horária de 20 horas, emissão de certificados e oferta de 40 vagas, tem como público-alvo estudantes e profissionais da área de comunicação, interessados em compreender as funções, narrativas e desenvolvimentos de formatos do vídeo online.
O curso é promovido pelo Grupo de Pesquisa em Jornalismo Online (Gjol) do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Póscom) da Faculdade de Comunicação (Facom), pioneiro no país em estudos de webjornalismo e novas tecnologias de comunicação. Após duas décadas de constituído, o Gjol é hoje sem dúvida uma referência brasileira na pesquisa do jornalismo digital.
As aulas serão conduzidas pelo professor Washington de Souza Filho, junto com o doutorando Adalton Fonseca e o mestrando Alexandro Mota. Autor de estudo sobre mudanças das rotinas de edição no telejornalismo pela convergência digital, realizado durante seu doutorado na Universidade Beira Interior, em Portugal, Washington vai abordar os modos pelos quais diferentes empresas de comunicação usam cada vez mais intensamente recursos audiovisuais online para buscar e consolidar audiência.
Na visão do professor, embora haja diferenças em aspectos centrais entre o vídeo na internet e o vídeo na televisão, e uma delas está na relação do telejornalismo com o fluxo televisivo ou a grade de programação, há procedimentos semelhantes de produção entre um e outro, “mas com novas ferramentas”. A par do interesse direto no tema que têm os três responsáveis pelo curso, Washington destaca que a proposta surgiu sobretudo como fruto das investigações do grupo de pesquisa a que está vinculado.
O Gjol foi criado em 1995, mesmo ano do começo da internet comercial brasileira, pelos professores Marcos Palácios, titular da UFBA, e Elias Machado, atualmente na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). “Naquele momento, o uso da internet para a produção jornalística era visto apenas como uma “moda”, passageira talvez. Nossa percepção, evidentemente, era diametralmente oposta e víamos no jornalismo online o caminho do que seria o futuro do jornalismo”, diz Palacios, que atualmente integra projeto internacional sobre estudos comparativos do jornalismo contemporâneo junto à Universidade do País Basco (Espanha) e Universidade da Beira Interior (Portugal), onde, aliás, se encontra atualmente, ministrando aulas como professor catedrático visitante.
Desde seu início, o Gjol trabalha integrando pesquisa e ensino. Tão logo foi criado, ofertou a primeira disciplina optativa sobre jornalismo online no curso de graduação em comunicação social com habilitação em jornalismo. Palacios diz que a disciplina estabeleceu as primeiras investigações práticas sobre o que começava a ser feito no Brasil e no mundo, no âmbito do jornalismo na internet. “Igualmente importante foi o fato de, como produto prático da disciplina, ter sido lançado o jornal Lugar Incomum, o primeiro jornal online na Bahia, precedendo a entrada dos jornais comerciais baianos na internet”, conta.
Aliar teoria e prática, por sinal, continua a ser um norte do Gjol. “Sempre foi um desafio no grupo trabalhar também com a pesquisa aplicada nessa área, e isso significa propor protótipos e produtos experimentais”, diz Suzana Barbosa, coordenadora do Gjol ao lado de Palacios, e diretora da Facom. Ela destaca, por exemplo, o projeto Laboratório de Jornalismo Convergente, cujas atividades tiveram início em 2011, Inicialmente com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb) e, desde 2014, com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O Laboratório é um espaço para pesquisa e experimentação sobre a convergência de meios e contempla os produtos jornalísticos em multiplataformas. Seu produto de destaque é o aplicativo Academo, que reúne informações de mais de dois mil professores e pesquisadores da UFBA. Lançado no ano passado durante o Congresso UFBA 70 anos, o app está disponível para acesso por meio da plataforma web e dos dispositivos móveis, smartphones e tablets, com sistemas operacionais Android e iOS. Além dos membros do Gjol, seu desenvolvimento conta com professores de outras instituições. O projeto segue em andamento até junho de 2017.
Já como resultado das pesquisas do laboratório, Suzana fala sobre a atualização de sua pesquisa sobre jornalismo em base de dados, fruto da tese de doutorado que defendeu há 10 anos, vencedora do Prêmio Adelmo Genro Filho de melhor tese de doutorado em jornalismo, concedido pela Associação Brasileira dos Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor).
As bases de dados constituem uma forma de cultura simbólica, com funções que permitem a construção e gestão de produtos jornalísticos online, na medida em que atuam na estruturação e apresentação de conteúdo. As bases de dados, na abordagem de Suzana Barbosa, seriam responsáveis pelo padrão dinâmico do webjornalismo, em contraposição a um modelo estático característico de etapas anteriores. No momento sua pesquisa centra atenção em base de dados, convergência jornalística, jornalismo móvel, além de cruzamento de plataformas virtuais.
Com caráter interdisciplinar, o Gjol conta atualmente com 12 pesquisadores doutores e 10 estudantes de pós-graduação. Na opinião do seu fundador, Marcos Palacios, o grupo se tornou um polo de formação de investigadores “que hoje estão espalhados por universidades brasileiras de norte a sul” do país.
Ao longo de sua história, o grupo acumula também acordos de cooperação internacional com 18 universidades de países como Portugal, Estados Unidos, Argentina, México, Cuba, França e Espanha. O Gjol já liderou também a Rede Latino-Americana para o desenvolvimento de software jornalístico para as redes de banda larga, financiada pelo CNPq e Fapesb.
Links importantes:
Gjol;
Laboratório de Jornalismo Convergente.
Fonte: Edgar Digital.