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Simpósio Nacional de Geografia Urbana irá debater a cidade entre 20 e 23 de novembro

Encontro pensará a cidade daqui a 100 anos

“É preciso pensar com coragem alternativas para a cidade”. O alerta é do professor Angelo Serpa, um dos coordenadores da 15ª edição do Simpósio Nacional de Geografia Urbana (SIMPURB), que será realizada na UFBA, de 20 a 23 de novembro. O objetivo do encontro é pensar a cidade e o urbano a partir de algumas perguntas chaves: como será a cidade daqui a 100 anos? O que é a sociedade urbana no presente? É possível pensar uma cidade utópica? De quais utopias podemos falar? Quais as bases que a sociedade presente pode dar?

“O simpósio especifica uma discussão sobre o que é hoje a cidade, o urbano, a urbanização”, observa Angelo Serpa, professor do Instituto de Geociências da UFBA. Em sua opinião, o debate é necessário em razão do processo de urbanização no Brasil. “Essa experiência urbana de morar na cidade é compartilhada por milhões de brasileiros e é uma tendência mundial. Não significa, no entanto, que o Brasil está deixando de ser rural. A Bahia, por exemplo, ainda tem uma grande população vivendo no campo, mas mesmo esse campo se urbaniza”. Em complemento, ele afirma que a migração cidade-campo ainda é forte no Brasil.

É a segunda vez que o simpósio é realizado na Bahia – a primeira foi em 1997. O encontro, cujo tema deste ano é “sobre a cidade e o urbano, contribuição da Geografia: que teorias para este século?”, reúne os principais nomes da geografia do país e pesquisadores de áreas afins ao campo científico. “O objetivo é refletir como essa geografia urbana pode dialogar com outras áreas do conhecimento como arquitetura, urbanismo, sociologia, antropologia, etc. Disciplinas que, de alguma maneira, problematizam objetos de pesquisa da geografia, mas sob outros pontos de vista e paradigmas”, disse Serpa.

Seis mesas redondas irão compor o evento, cada uma com cerca de 3 horas e meia de duração, todas no salão nobre da Reitoria. A primeira mesa busca pensar a cidade e o urbano nos dias atuais, por meio do diálogo com diferentes campos das ciências humanas e sociais – geografia, arquitetura e urbanismo, economia e sociologia. Ana Fernandes (UFBA), Carlos Brandão (IPPUR-UFRJ), Cibele Risek (USP-São Carlos) e José Aldemir de Oliveira (UFAM) compõem a mesa.

A segunda traz o futuro da cidade como tema e questiona “política urbana ou projeto utópico?”. A atividade busca analisar teorias capazes de pensar o futuro das cidades e das lutas urbanas, além de abordar criticamente instrumentos de gestão vigentes e trará Jorge Barbosa (UFF), Igor Robaina (UFES), Tadeu Alencar Arrais (UFG) e Floriano Godinho Oliveira (UERJ) como debatedores. 

Na mesa 3, o papel da cidade e do urbano na contemporaneidade serão abordados  a partir de suas contradições, entre elas, as consequências do investimento do capital financeiro, responsável por processos como a verticalização nas cidades. Estarão nas mesas os pesquisadores Jânio Santos (UEFS), Cesar Simoni Santos (USP), Daniel Sanfelici (UFF) e Cláudio Zanotelli (UFES).

A mesa 4 aborda especificidades da cidade e do urbano no Brasil, a partir da formação sócio-espacial brasileira. Os palestrantes serão Saint-Clair Trindade (UFPA), Rita de Cássia da Conceição Gomes (UFRN), Jan Bitoun (UFPE) e Kelly Bessa (UFT).

A mesa 5 traz as escalas espaço-temporais do urbano para discussão. Questiona-se quais os conteúdos da desigualdade que aparecem ou se desdobram em processos como segregação, precarização, exclusão, reclusão, entre outros. Palestrantes: Maria Encarnação Beltrão Sposito (UNESP-PP), Rogério Haesbaert (UFF), Paulo César da Costa Gomes (UFRJ) e Nelba Azevedo Peña (UnB).

A mesa de encerramento irá explorar a contribuição da geografia para pensar e cidade e o urbano no contemporâneo. Marcelo Lopes de Souza (UFRJ), Ana Fani Alessandri Carlos (USP), José Borzacchiello da Silva (UFC) e Arlete Moyses Rodrigues (UNICAMP) serão os palestrantes.

Uma mesa especial será realizada para discutir as contribuições teóricas para a pesquisa urbana a partir de consagrados autores – Milton Santos, Maurício Abreu, Neil Smith e Edward Soja. Os palestrantes serão Angelo Serpa (UFBA-Milton Santos), Pedro Vasconcelos (UFBA-Maurício Abreu), Isabel Alvarez (USP-Neil Smith), Igor Catalão (UFFS-Edward Soja).

As mesas 1, 2, 4 e 6 serão transmitidas ao vivo no canal da TV UFBA

As inscrições para o simpósio continuam abertas no site do evento e também serão feitas no primeiro dia do evento, durante o cadastramento. Além das mesas redondas, apresentações de trabalhos de estudantes e profissionais da área acontecem na Faculdade de Direito da UFBA e lançamento de 17 livros. Um ampla programação cultural compõe o evento.

O geógrafo baiano Milton Santos afirmava que “o poder da geografia é dado pela sua capacidade de entender a realidade em que vivemos”. Esse poder da geografia será pensado durante o simpósio, pois, para Angelo Serpa é preciso buscar uma teoria para compreender o presente e pensar num futuro melhor. Em sua opinião, todos deveriam ter “direito a uma cidade justa e menos desigual” e deveria existir “prazer no espaço urbano”.

Mais informações: https://simpurb2017.ufba.br