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Para pensar a América Latina: Congresso de Ecologia Política discute conflitos sócio-ambientais, de 18 a 20/03

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O III Congresso Latino-Americano de Ecologia Política - que irá discutir o quadro atual da América Latina, com a emergência de governos autoritários e neoliberais, aceleração das políticas extrativistas e de desnacionalização dos recursos naturais - será realizado na UFBA, entre 18 e 20 de março de 2019. A ecologia política é um campo de estudo dos conflitos socioambientais consolidado nas ciências sociais,

O reitor João Carlos Salles, filósofo e autor de diversos livros, entre eles, Análise & Gramática: Mais estudos sobre Ernest Sosa e Wittgenstein (2018), e Juca Ferreira, sociólogo e ex-ministro da cultura (2015-2016), serão os palestrantes da mesa de abertura. Os dois baianos, que tem em comum um histórico de militância estudantil, cada um em sua época, irão debater sobre insurgências decoloniais e horizontes emancipatórios para o enfrentamento de turbulências atuais. A mesa de abertura acontecerá na segunda-feira, 18, a partir de 18h, no salão nobre da reitoria da UFBA.

Em seguida, três mulheres ocuparão a mesa central do salão nobre para a primeira plenária do evento. Maristella Svampa, reconhecida socióloga argentina, escritora, pesquisadora e professora da Universidade Nacional de La Plata.  Sônia Guajajara, reconhecida liderança indígena, candidata à vice-presidência do Brasil nas eleições de 2018, e com formação acadêmica em letras, enfermagem e pós-graduação em educação. Alda Salomão, moçambicana, advogada, especialista em governação de terras e ativista social e comissária nacional de direitos humanos. Paisagens das desigualdades será o tema retratados pelas intelectuais.

A segunda plenária traz o tema cartografias das existências, na terça-feira, a partir de 18h, no auditório externo do Instituto de Biologia. Entre os palestrantes: Jussara Rêgo da Maricultura Familiar Solidária da UFBA; Catalina Toro Perez da  Universidade Nacional da Colômbia; Alessandra Munduruku, chefa das Guerreiras do Médio Tapajós e Associação Indígena Pariri; a professora Guiomar Germani, do grupo de pesquisa Geografar/UFBA e Jeovah Meirelles da Universidade Federal do Ceará.

Na quarta-feira, 20, também no auditório externo do Instituto de Biologia, a discussão será em torno da temática horizontes emancipatórios. Estarão presentes Stefania Barca, pesquisadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra; Ivonne Yanez, ativista ambiental e membro fundadora da organização Acción Ecológica, no Equador; Ialorixá Bernadete Santos, camponesa, educadora popular, graduada em Letras pela UNEB e especialista em Educação no Campo e Agroecologia pela USP e dirigente do PSOL.

Além das plenárias, mesas redondas discutem conflitos territoriais, pós-extrativismo e alternativas sistêmicas, ecofeminismos e feminismos decoloniais, desenvolvimento e ambiente no contexto dos governos progressistas ou de esquerda, entre outras temáticas. Oficinas, mostras de cinema e lançamentos de livros integram a programação do evento.

Hector Alimonda (1949-2017) é o grande homenageado do encontro. Argentino, viveu no Brasil por mais de 20 anos, onde se consagrou como professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Em sua trajetória acadêmica e política, construiu um pensamento crítico frente à colonização da América Latina, marcada, ainda nos dias atuais, por uma política de extrativismo incapaz de trazer benefícios a grande parte da população.

O encontro homenageia também ativistas, que, em razão da luta por causas ambientais, foram assassinados. Chico Mendes, um símbolo brasileiro da batalha pela preservação da floresta amazônica, assassinado em 1988.  José Cláudio Ribeiro da Silva (o Zé Cláudio) e Maria do Espírito Santo - marido e esposa, extrativistas e ativistas, que lutavam pela preservação do Assentamento Agroextrativista Praia Alta Piranheira, que ainda é mantido por extrativistas que trabalham de forma sustentável, em Nova Ipixuna, no Pará - assassinados em 2011. E Berta Cáceres, coordenadora do Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas de Honduras (COPINH), ela defendia o território lenca e o rio Gualcarque, considerado sagrado por esse povo indígena. Foi assassinada em 2016.

O Congresso, que busca construir perspectivas coletivas de lutas ecológicas emancipatórias, é organizado pelo grupo de pesquisas Ambientes Indisciplinados, na Universidade Federal da Bahia (UFBA), pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), com apoio do Grupo de Trabalho em Ecologia Política, do CLACSO, e envolve uma rede de colaborações com outras universidades brasileiras (UNILAB, UFABC, UNB, UNIFESP), chilenas (UCN, FAU-UCH) e lideranças de movimentos sociais (MAM, APIB, CNS, CONAQ).

Mais informações no site III Congresso Latino-Americano de Ecologia Política.