Raciocinar logicamente, pensar soluções de problemas utilizando linguagem de programação e algoritmos, desenvolver jogos independentes e conhecer particularidades do mercado de games no Brasil são conhecimentos, competências e habilidades no uso das tecnologias digitais que jovens e adultos podem adquirir ao ingressar nos cursos de Iniciação à Programação de Computadores e de Games com uso de software livre, oferecidos gratuitamente pelo Programa Onda Digital – atividade de extensão permanente do Departamento de Ciência da Computação do Instituto de Matemática da UFBA.
O Onda Digital oferece, semestralmente, uma média de 4 cursos de extensão gratuitos com processos seletivos concorridos que já atingiram a marca de mais de 2.400 inscritos para 135 vagas. Demanda tão evidente por aprendizado e qualificação por parte da população baiana, só dá mais respaldo ao objetivo do programa. Em linhas gerais, ele quer atender ao público jovem em situação de vulnerabilidade socioeconômica, “visando a qualificá-lo para o uso ético, responsável e consciente das tecnologias contemporâneas, dando-lhe oportunidade de formação profissional, experimentação de novos conhecimentos e ampliação das possibilidades de ingresso no mercado de trabalho”, diz a coordenadora do Onda Digital, professora Débora Abdalla.
Segundo ela, os integrantes do programa enxergam a empregabilidade de jovens como uma responsabilidade compartilhada, cabendo à Universidade oferecer alternativas que potencializem sua inserção no mercado de trabalho, já que dados recentes do IBGE apontam a taxa de desemprego de 25,7%, entre os jovens de até 24 anos.
Além disso, a professora acrescenta, a maior parte das atividades são realizadas dentro da própria Universidade, fato que pode despertar o interesse desses jovens e adultos pelo ambiente universitário.
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Inserção de mulheres na computação
A iniciativa de destinar uma turma exclusiva do curso de Iniciação à Programação de Computadores ao público feminino deve-se à percepção de que, nos últimos anos, a área de computação tornou-se um campo predominantemente masculino, enfatiza Débora. Isso é notório inclusive nos cursos de graduação em computação oferecidos na UFBA, nos quais a taxa de participação feminina é de aproximadamente 10% no bacharelado em Ciências da Computação, 16,7% na Licenciatura em Computação e 17,8% no Bacharelado em Sistemas de Informação. Nos cursos de pós-graduação as taxas são de aproximadamente 22,4% para o mestrado em Ciência da Computação e de 25% no doutorado em Ciência da Computação.
Essa situação da UFBA, não é diferente do que ocorre em outros locais, destaca Débora, e acaba gerando uma preocupação mundial. Por isso há iniciativas para revertê-la por parte de instituições públicas e privadas, nacionais e internacionais. O Programa Onda Digital, seguindo essa tendência, mantém uma turma exclusiva para meninas, que se vale de recursos que ajudam a quebrar barreiras da inclusão feminina. “Na área de programação, a certeza de que seus pares serão outras mulheres pode diminuir a tensão que algumas carregam pela possibilidade de serem julgadas pelos homens, que são maioria na área”, observa a professora.
O Onda Digital já está na segunda turma oferecida a mulheres. Na primeira edição foram 84 inscritas para 30 vagas e 13 alunas chegaram até o final do curso. Para a segunda edição, foram 72 interessadas.
O programa tem outras ações voltadas para as mulheres na computação, como o minicurso exclusivo para adolescentes e jovens de 14 a 20 anos de idade sobre Desenvolvimento de Aplicativos para Android com o AppInventor que teve 20 participantes durante o II Fórum Interdisciplinar sobre Formação Docente com Tecnologias & II Workshop de Pesquisa e Extensão Onda Digital, no final de novembro de 2016.
Agora o programa está implantando o projeto Meninas Digitais – Regional Bahia, com a oferta de turmas do Curso de Iniciação à Programação de Computadores exclusivas para meninas.
O Onda Digital foi criado em 2004 com o objetivo de contribuir para a inclusão sociodigital na Bahia, envolvendo a Universidade em ações educativas e de difusão da filosofia do Software Livre, como um programa permanente de extensão. Além de Débora Abdalla, também é coordenadora do programa Anna Friedericka Schwarzelmüller, professora do Departamento de Computação do Instituto de Matemática, e lhe dá apoio os professores Ecivaldo Matos e Paul Regnier do mesmo departamento.
Dezenas de docentes e cerca de 200 estudantes de graduação têm participado do programa, norteado por valores como construção coletiva, comprometimento, solidariedade, transparência, proatividade e respeito.
Reunindo conhecimentos das áreas de computação, educação e comunicação, entre outros, o programa está atento ao seu papel social por isso promove ações educativas complementares focada em aspectos pedagógicos e sociais.
O componente de pesquisa do programa se consolidou com a criação do Grupo de Pesquisa e Extensão em Informática, Educação e Sociedade – ONDA DIGITAL, em 2014. Atualmente esse grupo reúne mais de 40 alunos, entre pesquisadores, estudantes de graduação, mestrado e doutorado.
Informações sobre o Onda Digital
Telefones: (71) 3283-6765 e 3283-6293
E-mail: ondadigital@ufba.br
Site: http://www.ondadigital.ufba.br
Fonte: EdgarDigital