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O debate sobre segurança exige cuidado e responsabilidade - Nota da Reitoria da UFBA

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A violência que aflige a cidade, o estado e o país alcança também a UFBA. Ela tem sido objeto de nossa constante atenção, preocupação e, sobretudo, de uma série de medidas administrativas de enfrentamento ao problema, no interior e entorno imediato dos campi. Nenhuma evidência autoriza, contudo, que o Correio da Bahia, um jornal relevante e de grande circulação, que tem certamente nosso respeito e conta muita vez com nossa colaboração, estampe em sua capa a manchete "Onda de crimes toma conta da UFBA no retorno às aulas".

A Universidade Federal da Bahia manifesta, pois, sua indignação com o tratamento dado pelo jornal a questão tão séria e que, noticiada desse modo, contribui para a disseminação infundada de pânico entre a comunidade universitária e de descrédito da Universidade ante a sociedade.

A UFBA não solicita nem espera condescendência por parte da imprensa. A condescendência costuma encobrir a verdade, mas a ênfase indevida a destrói. Com efeito, a própria reportagem anunciada pela chamada de capa já a desmente ao informar que a mencionada "onda de crimes" se resume a três casos e três tentativas de roubo desde o início do semestre letivo, em 07 de março. O ideal, evidentemente, seria que esse número fosse zero. Não tendo sido isso possível, a Universidade trata cada caso em sua singularidade, a começar pelo suporte e acolhimento que presta a cada vítima, sempre procurando, apesar das fortes restrições orçamentárias a que se vê submetida, tomar medidas adicionais e corretivas para a melhoria da segurança do patrimônio da UFBA e sobretudo de sua comunidade.

É, contudo, de todo insustentável a afirmação de que tal somatório de casos, para o qual estamos atentos, possa ser descrito como uma "onda", e menos ainda que “toma conta da UFBA”, seja por se tratar de um total equivalente à média de ocorrências registrada na Universidade até 2019, antes da suspensão de atividades presenciais nos campi em função da pandemia; seja pela ausência de cotejo com dados objetivos acerca da violência nos bairros em que a UFBA se situa ou qualquer comparação com dados do conjunto de bairros da cidade.

A reportagem do Correio, ao mobilizar a legítima preocupação da comunidade universitária com a questão da segurança, forja um cenário de abandono, caos e medo generalizados, que não corresponde à realidade da Universidade. Procura-se, ainda, com a matéria sugerir e mesmo afirmar que episódios de insegurança têm como fundamento último o livre acesso de pessoas aos campi, atribuindo à natureza pública do espaço universitário a culpa por uma violência que não lhe é própria e tampouco exclusiva, uma vez que alcança outros espaços públicos e mesmo espaços privados, como edifícios e shoppings centers, inclusive os dotados de grande fortificação e controle coercitivo da entrada e saída de pessoas.

Tal incompreensão enseja também outra ilação, qual seja, a de que o trânsito de pessoas e veículos pela Universidade ocorre livre de qualquer vigilância, ignorando a existência de postos de guarda, rondas e monitoramento por câmeras, ações de poda e iluminação, mas também a própria dinâmica de reconhecimento entre os membros da comunidade, capaz de rapidamente identificar e reportar pessoas e condutas estranhas ao ambiente universitário.

À natureza cordial e amistosa do tratamento dispensado pela Universidade Federal da Bahia ao Correio e a toda a imprensa, a UFBA tem a obrigação de exigir recíprocos cuidado e respeito, estando atenta a qualquer tentativa de politização de questões sensíveis à comunidade universitária e à sociedade como um todo. Finalmente, reafirmamos que UFBA compreende sim que o momento é delicado e está e estará sempre atuante, buscando e implementando novas medidas para o enfrentamento da violência que, repetimos, aflige a cidade, o estado e o país.