A aposta da UFBA para garantir um lugar no restrito grupo de 40 instituições cujo custeio das atividades de internacionalização da pesquisa será mantido pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, agência de fomento ligada ao Ministério da Educação) tem como pontos fortes uma grande quantidade de projetos, uma ampla variedade de temáticas e áreas de conhecimento abrangida, a lógica interdisciplinar utilizada para agrupá-los, a adesão maciça dos mais bem avaliados programas de pós-graduação, e a forte tradição científica da Universidade.
Em números, isso significa que a UFBA concorrerá ao edital Capes PrInt (Programa Interinstitucional de Internacionalização), que, a partir de novembro, impõe novos critérios para a liberação e gestão de recursos para internacionalização da pesquisa universitária, com um total de 165 projetos, agrupados em 19 macrotemáticas interdisciplinares, distribuídas em 5 grandes eixos de conhecimento. Todos os programas de pós da UFBA avaliados pela agência com nota igual ou superior a 4 (numa escala de 3 a 7) enviaram propostas. Dando lastro a tudo isso, está o bom desempenho recente da Universidade nos principais indicadores quantitativos e qualitativos de produção científica, em geral ocupando posições que oscilam entre o 5º e o 15º lugar – o que ratifica a tradição de pesquisa que marca a UFBA desde a sua fundação. ]
A proposta da UFBA foi aprovada por unanimidade na última reunião do Conselho Universitário. Com esses dados, espera-se convencer a Capes a desembolsar R$ 30 milhões com a internacionalização da pesquisa e pós-graduação da UFBA ao longo dos próximos quatro anos. Esse valor corresponde a pouco mais que o dobro dos R$ 14,6 milhões que a agência efetivamente investiu no último quadriênio, e permitirá não apenas continuar, como expandir as iniciativas de internacionalização – que incluem o envio de professores e pós-graduandos ao exterior com bolsa, acordos de cooperação interinstitucional, participação em eventos acadêmicos fora do país, convite a professores visitantes de instituições estrangeiras, oferta de cursos de idiomas e fomento à tradução e publicação de artigos em revistas científicas de relevância internacional, ações que contribuem para que a UFBA siga estreitando laços com redes de produção científica mundiais.
Se, por um lado, não chega nem perto do somatório das verbas solicitadas por todos os projetos de pesquisa da UFBA nos últimos quatro anos (cujo total chega a irrealizáveis R$ 222 milhões), o montante pleiteado à Capes é um valor realista e razoável que, segundo o pró-reitor de Pesquisa e de Pós-Graduação, Olival Freire Jr., será suficiente para conferir competitividade à proposta apresentada à agência. Na elaboração da proposta, o principal cuidado, explica o professor Olival, foi o de ater-se ao princípio (freudiano) de “realidade”, a fim de não levantar qualquer tipo de suspeita acerca da viabilidade financeira dos projetos – o que costuma ser o principal motivo de negativas. Ademais, R$ 30 milhões correspondem a justamente uma quota de 1/40 dos R$ 1,2 bilhão que o edital prevê distribuir. Árvore do conhecimento Além de reduzir drasticamente a quantidade de instituições que continuarão a dispor de verbas para internacionalização, as novas regras da Capes obrigaram as universidades a criar uma nova dinâmica de agrupamento de projetos de pesquisa que, a princípio, não se encontravam reunidos segundo critérios afinidade inter e até mesmo intradisciplinar.
Construir essa espécie de “árvore do conhecimento” inteiramente nova em pouco menos de quatro meses foi um trabalho tão duro quanto minucioso, que envolveu as pró-reitorias de Pesquisa, Criação e Inovação e de Ensino de Pós-Graduação, a Assessoria para Assuntos Internacionais, a Superintendência de Avaliação e Desenvolvimento Institucional e cerca de 80 professores da UFBA, entre os quais muitos dos coordenadores de programas de pós-graduação. Na base dessa árvore estão cinco grandes eixos temáticos – cada um dos quais, por sua vez, desdobrado em subtemas. Assim, temos Ciência, Tecnologia e Questões ambientais, de onde partem 8 subtemas; Inovação, Saúde e Qualidade de Vida, com 2 subtemas; Desigualdades sociais e sua superação, com mais 3 subtemas; Subjetividade e Expressão Artística, de onde parte 1 subtema; e Contextos e Dinâmicas Sócio-Culturais, com seus 5 subtemas. O professor Olival salienta que, além de englobar todos os programas de pós que submeteram propostas, essa estrutura temática permitirá acomodar novas propostas e mesmo novos programas de pós-graduação que venham a surgir ao longo dos próximos quatro anos. Na prática, essa nova divisão tanto resulta na reunião de programas de pós tão aparentemente díspares quanto Comunicação e Cultura Contemporânea, Saúde Coletiva e Ciência da Computação (caso da temática “Ciência de Dados Aplicada”); quanto de programas que já se debruçavam sobre questões parecidas, mas que não necessariamente atuavam em conjunto, como Geoquímica: Petróleo e Meio Ambiente, Geofísica, Química e Energia e Ambiente (caso da temática “Sustentabildiade, Vulnerabilidade e Serviços Ecossistêmicos dos Biomas Tropicais Costeiros e Oceânicos”).
Comitê gestor
As novas regras da Capes também transferem às universidades a gestão das verbas de internacionalização. Por exemplo: se antes, para conseguir uma bolsa de pós-doutorado no exterior, o pesquisador remetia o pedido diretamente à Capes, no novo formato, a proposta será encaminhada a um comitê gestor da própria universidade, que decidirá se acolhe ou não o pedido. Essas decisões serão tomadas por um comitê gestor, inicialmente composto por 15 membros (12 da UFBA e 3 de universidades estrangeiras, conforme critério da Capes) de variadas áreas do conhecimento, escolhidos por terem trajetória reconhecida em seus respectivos campos de atuação (veja lista completa abaixo). A princípio, a divisão dos recursos seguirá um critério quantitativo: o montante aprovado pela Capes será dividido pelo total de docentes e discentes envolvidos nos projetos de pesquisa, chegando-se a um coeficiente per capita, através do qual se definirá o percentual a ser destinado a cada área.
Posteriormente, esses valores poderão ser revistos, segundo critérios qualitativos definidos pelo comitê gestor, podendo ser aumentados, diminuídos ou redirecionados. Proposta de Comitê Gestor da UFBA (nomes dos pesquisadores, unidades/universidades e áreas de atuação):
Olival Freire Junior – Pró-reitorias de Pesquisa, Criação e Inovação e de Ensino de Pós-Graduação – Instituto de Física / História das Ciências
Ronaldo Lopes Oliveira – Pró-reitoria de Ensino de Pós-Graduação / Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia / Zootecnia
Mirella Lima – Assessoria para Assuntos Internacionais – Instituto de Letras / Letras
Sérgio Ferreira – Instituto de Química / Química Dayana Costa – Escola Politécnica / Engenharia
Jairnilson Paim – Instituto de Saúde Coletiva / Saúde Coletiva
Álvaro Cruz – Faculdade de Medicina / Medicina (Pneumologia)
Antonio Virgílio Bastos – Instituto de Psicologia / Psicologia Graça Druck – Faculdade de Ciências Humanas / Sociologia
Wilson Gomes – Faculdade de Comunicação / Comunicação
Robert Verhine – Faculdade de Educação / Educação Paulo Lima – Escola de Música / Música
Membros estrangeiros:
James Green – Browon University (EUA) / História
Mary Wilson – Iowa Univesisty (EUA) / Medicina (Doenças Infecciosas)
Bjorn Ursin – The Norwegian University of Science and Technology (Noruega) / Geociências