A Universidade Federal da Bahia e a Shell Brasil iniciam neste mês de março a segunda fase do Programa do Centro de Excelência em Geoquímica do Petróleo, o chamado Projeto Geoqpetrol, sediado no Instituto de Geociências (IGeo- UFBA), que permitirá a ampliação da infraestrutura do Laboratório de Estudos do Petróleo (Lepetro), com aquisição de equipamentos de alta tecnologia para pesquisas em geoquímica e geomicrobiologia.
Essa parceria universidade-empresa vai assegurar investimentos acima de R$ 32 milhões (já assegurados 26 milhões e mais 6 milhões em pré-aprovação) da Shell no Centro de Excelência, que tem entre outros objetivos o de aprimorar a formação de recursos humanos de alto nível, anunciou a professora Olívia Oliveira, Diretora do IGeo, na abertura do 5º Workshop do Programa Geoqpetrol, na segunda-feira, 26 de fevereiro. Com esse investimento a Shell do Brasil atende em parte a dispositivo legal da Agência Nacional do Petróleo (Regulamento Técnico da ANP No 3/2015), que estabelece a aplicação de 1% do lucro bruto de empresas de petróleo que atuam no país em P&D (pesquisa e desenvolvimento), e será ao mesmo tempo beneficiada com o compartilhamento do conhecimento produzido.
Dentre os equipamentos a serem adquiridos estão um cromatógrafo gasoso com espectrometria de massa, instrumento que auxiliará na identificação de rochas potencialmente geradoras de petróleo, capaz de separar, identificar e quantificar compostos orgânicos de hidrocarbonetos. Também será comprado um bioanalyser, que permite a quantificação e qualificação de DNA, RNA e proteínas, que vai auxiliar na prospecção de genes de microrganismos relacionados à degradação de petróleo.
Segundo a professora Olívia, que também é coordenadora do Geoqpetrol, a segunda etapa do projeto irá a campo com a perspectiva de perfurar alguns poços rasos nas bacias pesquisadas que contribuirão para aumentar o conhecimento sobre o potencial petrolífero dessas bacias.
Os investimentos vão, assim, possibilitar estudos científicos e tecnológicos em bacias sedimentares brasileiras, tanto em geoquímica do petróleo quanto em modelagem geoquímica em bacias com sistemas petrolíferos típicos, casos do Recôncavo e de Tucano, e em sistemas atípicos, como as bacias do Parnaíba, Amazonas e Paraná. Serão desenvolvidas pesquisas também para o entendimento da degradação e dos processos de recuperação do petróleo parafínico da Bacia do Recôncavo.
O Centro de Excelência é fruto do trabalho dos Grupos de Pesquisa que compõem o Núcleo de Estudos Ambientais (NEA) do IGeo. Trata-se do primeiro centro do Nordeste dedicado à geoquímica do petróleo localizado fora de instalações industriais e equipado para atender às necessidades de empresas do ramo.
“O Centro de Excelência em Geoquímica do Petróleo é um dos mais importantes espaços científicos e tecnológicos, que integra ensino, pesquisa e extensão, objetivos basilares da UFBA. Esse importante ambiente de pesquisa e inovação vem sendo utilizado pela comunidade acadêmica para efetivar práticas de estudos aprofundados, aliados a destacadas empresas da indústria do petróleo, a exemplo da Shell Brasil. Nossa satisfação ainda se torna maior pelo fato de iniciarmos Projeto de tamanha envergadura com a possibilidade de ampliação de geração de conhecimento geológico/geoquímico no período em que nossa casa comemora os 60 anos do Curso de Geologia, ressalta a Diretora do Instituto de Geociências.
Na primeira fase do programa (2014-2018), a Shell Brasil investiu R$ 11 milhões durante quatro anos, o que possibilitou a formação de recursos humanos e a ampliação da capacidade analítica do Laboratório de Estudos do Petróleo.
Na abertura do workshop, a líder do Programa de Geociências da Shell/Brasil, Dra. Aly Brandenburg, destacou a confiança na capacidade dos pesquisadores à frente do projeto na UFBA e a importância da parceria entre a empresa e a universidade.
“Consideramos forte e duradoura a relação entre a Shell e o Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia. Temos o enorme prazer de estar aqui em Salvador nesta semana para dar continuidade à nossa colaboração tecnológica, agora através deste novo projeto. As pesquisas planejadas na área de geoquímica do petróleo serão de grande significado para o progresso no entendimento de sistemas petrolíferos das bacias brasileiras, dando suporte à indústria petrolífera”, ressaltou a representante da empresa.
O professor Antônio Fernando de Souza Queiroz, também coordenador do Programa e do NEA e diretor da Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão (FAPEX), destacou a atuação do centro de excelência para aprimorar a formação de pessoal especializado e incentivar pesquisas na área de petróleo e meio ambiente, gerando avanços benéficos tanto para academia quanto para a indústria.
O Vice-Reitor da UFBA, Prof. Paulo César Miguez recordou que a história do petróleo na Bahia está intimamente ligada à história da universidade, responsável pela criação dos primeiros cursos de graduação nessa área, durante o reitorado do professor Edgard Santos. Adiante esses cursos levariam à formação da Escola de Geologia, em 1957 e, posteriormente, à implantação do Instituto de Geociências da UFBA, “Pode ter certeza de que a Shell está fazendo uma grande parceria tecnológica por estar aqui conosco”, disse Miguez.
A Shell está presente no Brasil desde 1913. Foi a primeira empresa privada a produzir petróleo na Bacia de Campos após a abertura do mercado e tornou-se uma das maiores empresas do mundo na área de exploração e produção. Com cerca de mil funcionários no país, desenvolve projetos em águas profundas que incluem Parque das Conchas, Bijupirá e Salema, Libra, e a participação em cinco descobertas na Bacia de Santos capitaneada pela Petrobras: Lula, área de Iracema, Sapinhoá, Lapa, e a antiga grande área de Iara, atualmente Berbigão, Sururu e Atapú Oeste. A Shell recentemente ganhou a licitação como operadora de dois blocos de exploração na região do pré-sal na bacia de Santos, o Alto do Cabo Frio Oeste e também o bloco do Gato do Mato.