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Argila com tecnologia tem valor 100 vezes maior

 

O barro pode se transformar em matéria-prima para algo bem mais valioso do que os já muito úteis tijolos. É o que está demonstrando um estudo desenvolvido na Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (UFBA), coordenado pelo professor Márcio Nascimento. Minerais abundantes no território brasileiro, as argilas têm seu uso bastante atrelado à indústria da construção civil e à produção de objetos cerâmicos. Mas, com a tecnologia adequada, os pesquisadores baianos estão fazendo melhoramentos que tornam possível o uso da argila até pela indústria farmacêutica, substituindo a importação de matérias-primas nobres. Segundo o pesquisador, o beneficiamento dá às argilas um valor comercial até 100 vezes maior do que material em bruto.


Argilas industriais e argilas especiais
Segundo o Ministério das Minas e Energias, existem 417 minas de argila em operação no país, individualmente produzindo de 1.000 a 20.000 toneladas/mês. Cerca de 90% da argila produzida no país é destinada para a fabricação de agregados e materiais para a construção civil. Os 10% restantes, destinados aos "fins especiais", têm aplicações que incluem absorventes, tintas, papel, borracha, desodorantes e produtos químicos e farmacêuticos.
A importância da agregação de valor, contudo, mostra-se na hora do faturamento: os 10% de argilas especiais respondem por 70% do faturamento total com o produto. Isto faz com que os pesquisadores já segmentem o material em "argilas industriais", para construção civil, e "argilas especiais", para usos mais nobres.

Tratamento físico-químico
O professor Márcio Nascimento e seu grupo estão desenvolvendo técnicas de modificação físico-química das argilas brasileiras, substituindo um processo que hoje é feito no exterior. "Em termos comerciais, se compram essas argilas por centavos de dólar a tonelada. E chegamos a importar essas mesmas argilas modificadas por algum processo físico-químico, onde elas passam de centavos de dólar a dezenas ou centenas de dólar," explica ele.
As técnicas desenvolvidas pela equipe estão em processo de patenteamento. Mas a equipe planeja também estudar formas de tornar mais nobres as argilas industriais. "Se você tiver uma argila melhorada, o tijolo, por exemplo, certamente terá algumas de suas propriedades melhoradas," prevê o pesquisador, salientando que esse tijolo de melhor qualidade também deverá ter um custo maior.

 

[Matéria produzida pelo estudante Ailton Sena, graduando em Comunicação Social - Jornalismo pela Faculdade de Comunicação da UFBA (Facom), para o portal Ciência e Cultura.]