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Reitores temem falta de pessoal para expansão das federais

Sistema federal de ensino superior dobra de tamanho

Com a criação de mais universidades, campi e institutos federais, governo vai investir R$ 2,4 bilhões entre 2013 e 2017 para a nova expansão. A notícia, apesar de comemorada, traz preocupações aos gestores dessas unidades. Eles temem que o governo não contrate a quantidade de profissionais – professores e técnicos administrativos – suficiente para suprir as carências já existentes nas instituições e atender a demanda futura.

Com o anúncio das novas universidades, Dilma assinou um projeto de lei aguardado pelos reitores há muito tempo, que prevê a contratação de funcionários para elas.  “Não foram divulgados números. Não sabemos se nossas demandas foram atendidas e se, para as novas instituições, há previsão de mais profissionais”, afirma Roberto Salles, reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF). Para o reitor, a expansão prometida nesta terça é motivo de preocupação. “Ainda temos metas anteriores a cumprir”, diz.   Salles fala dos compromissos assumidos entre as universidades e o Ministério da Educação desde 2003. Primeiro, a expansão da rede federal começou com a interiorização de campi de algumas universidades, com um projeto chamado Expansão – Fase I. Depois, em 2007, um novo pacto foi estabelecido a partir de um plano de reestruturação e expansão das instituições, o Reuni.

Ao longo desses anos, as vagas oferecidas nas universidades passaram de 109 mil em 2003 para 235 mil este ano. O número de municípios atendidos também dobrou. Em 2003, 114 cidades eram atendidas por universidades. Até o fim deste ano, o número chegará a 237. No processo, as instituições enfrentaram falta de infraestrutura e recursos humanos. “O custo previsto para finalizarmos todas as obras se defasou ao longo dos anos. Precisamos de mais verba para terminar os projetos de expansão. Além disso, só agora estamos conseguindo que o projeto de contratação de professores permanentes chegue ao Congresso Nacional e não sei se conseguiremos aprová-lo até o fim do ano”, questiona Salles.

Paulo Gabriel Nacif, reitor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, reconhece que as instituições enfrentaram problemas para concretizar a expansão, especialmente com as obras. “O Brasil está crescendo e muitas empreiteiras que venceram licitações para construir os prédios nas instituições não completaram o trabalho. Isso atrasou parte das obras”, diz. “Crescemos muito em pouco tempo, isso causou um certo atropelo”, admite. Segundo o MEC, há 1.697 obras concluídas nas universidades federais participantes do Reuni, 998 em execução e 53 obras de 20 instituições estão paradas por problemas com as empresas responsáveis pelas obras. De acordo com os reitores, 95% das federais estão cumprindo o calendário de conclusão do Reuni.

Expansão necessária

Nacif ressalta que, apesar de tudo, a expansão era necessária e as dificuldades, esperadas. Com o projeto de lei para a contratação de novos professores chegando ao Congresso, ele acredita que o maior problema das universidades será resolvido. “Pela primeira vez, conseguimos sentir que a expansão é um projeto de Estado e não de governo”, ressalta. Rômulo Porali, reitor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), lembra que apenas 11% da população brasileira em idade de cursar o ensino superior estão nessa fase. “Por isso, a expansão da rede pública é sempre bem-vinda. Sabíamos do trabalho que esse projeto significaria e conseguimos cumpri-lo razoavelmente bem”, defende.

As novas instituições ficarão localizadas nos estados da Bahia (duas delas), Ceará e Pará. Além disso, serão construídos novos campi em universidades já existentes nesses Estados e em outros quatro: Santa Catarina, São Paulo, Goiás e Maranhão. “Para nós, essa nova expansão é estratégica. O Pará é um grande e temos déficit de vagas no sul do Estado”, comenta Carlos Maneschy, reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Segundo o ministro da Educação, Fernando Haddad, o anúncio só foi feito depois de as vagas para professores e técnicos das universidades serem aprovadas pela área econômica. “Esse projeto assinado hoje pela presidenta contempla tanto o final do Reuni quanto o que foi anunciado. Tenho certeza de que as lideranças no Congresso serão sensíveis ao projeto e vão aprová-lo”, ressaltou.

(Com informações do Último Segundo, iG)