A história do líder negro de uma comunidade amazônica e fundador da religião ayauasqueira Santo Daime. Este é o ponto de partida do livro Eu venho de longe: Mestre Irineu e seus companheiros, uma publicação da Editora da Universidade Federal da Bahia (Edufba), de autoria de Paulo Moreira e Edward MacRae. Os eventos de lançamento acontecem no dia 23 de novembro (quarta-feira), às 19h, no auditório da Câmara Municipal, em Salvador; e no dia 10 de dezembro, sábado, às 14h, no Museu Afro Brasil, em São Paulo. Nas ocasiões, os autores recebem o público e a obra pode ser adquirida a preço especial.
Raimundo Irineu Serra, o Mestre Irineu, nasceu no Maranhão, neto de escravos. No século XX, migrou para a região do Acre, onde trabalhou com extração da borracha e se inscreveu na força policial. Começou a desenvolver atividades de cunho espiritualista e de medicina popular, utilizando a bebida ayauasca, altamente psicoativa. Em 1930, fundou um centro comunitário – iniciando a criação do culto do Santo Daime. A partir de então, Mestre Irineu e sua doutrina foram alvo de inúmeras manifestações de preconceito, causadas, em grande parte, por sua relação com afrodescendentes e pelo medo da elite de que movimentos culturais e religiosos de origem afro-indígena se desenvolvessem.
Este livro, cuidadosamente elaborado pelos professores Paulo Moreira e Edward MacRae, revela a importância do Daime na formação da identidade acreana. Destaca detalhes do caminho percorrido por Mestre Irineu e seus companheiros; aborda questões como sua relação com espíritas, esotéricos, militares e políticos e as estratégias de defesa utilizadas por este líder para proteger sua comunidade das perseguições. Todo o texto é ilustrado com fotos e mapas, além de reunir depoimentos dos primeiros participantes deste movimento religioso, muitos já falecidos ou com idades avançadas.
