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Escola de Teatro promove leitura de nova peça de Yasmina Reza

Autora francesa é pouco encenada fora do eixo Rio-SP


O Ciclo de Leituras Dramáticas da UFBA, promovido pela Escola de Teatro, traz novamente para a Bahia uma peça da dramaturga contemporânea mais encenada em todo o mundo: Três Versões da Vida, de Yasmina Reza. A apresentação única será no Teatro Martim Gonçalves, às 19h desta sexta-feira (dia 2 de dezembro). Com direção de Ewald Hackler, estão no elenco Lúcio Tranchesi, Luísa Proserpio, Márcia Andrade e Tom Carneiro e Igor Epifânio (rubricas).

Apesar da fama mundial, a única peça conhecida de Yasmina Reza na Bahia é “Arte” (2004). Curiosamente, porém, a autora é pouquíssimo encenada fora do eixo Rio-São Paulo porque seus agentes brasileiros preferem ceder seus direitos de montagem (em torno de R$11 mil) exclusivamente a artistas ligados ao mundo da televisão. A autora também conta com a indiferença das editoras brasileiras, que não publicam suas peças em português. Apesar de já ter sido encenada em São Paulo (2003), a versão em português para “Três versões da vida” foi elaborada pelo ator e jornalista baiano Gideon Rosa e, somente por isso, se viabilizou a apresentação da leitura.

Yasmina tem a característica de construir uma comédia moderna e corrosiva, que possibilita aos atores um trabalho sensível de observação do ser humano. Ela transpõe para o palco as nossas tragédias transformando-as em uma comédia inesquecível para o publico que, ao final das contas, ri de si mesmo. Quinta peça da dramaturga francesa de origem iraniana, “Três versões da vida” (2000) brinca com a possibilidade de construir três versões diferentes de um mesmo episódio do cotidiano. São dois casais: Henri e Sonia, Hubert e Inês. O primeiro está sozinho em casa, tentando colocar seu caprichoso filho para dormir. Os dois se desentendem sobre a educação do filho e começam a brigar, quando chega o segundo casal cuja visita para jantar estava programada para o dia seguinte. A chegada inesperada de Inês e Hubert provoca um tumulto. Como não estão preparados para receber os amigos, e como não há nada consistente para se comer, Henri e Sônia servem petiscos e vinho.

As relações humanas dominam o encontro dos dois casais pontuado pelas intervenções de uma criança que insiste em não dormir. Existe uma relação hierárquica entre os personagens: Henri, astrofísico, tem uma atitude submissa diante de Hubert porque necessita que ele dê o aval para a publicação de um artigo, coisa que ele não faz há três anos. Este enredo simples é apresentado em três versões em que as relações se configuram sutilmente diferentes. Os diálogos de Yasmina têm a característica de serem tão simples quanto provocativos. Ela critica com severa acidez os valores pequeno-burgueses e revela os bastidores das relações convenientes do mundo acadêmico.