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Cineclube Vi-Vendo Imagens exibe filme de Edgard Navarro

"Eu me lembro" recebeu prêmios importantes desde 2001

 

A atração desta sexta-feira (25 de novembro) no Cineclube Vi-Vendo Imagens é o premiado filme “Eu me lembro”, do diretor Edgard Navarro, que estará presente à exibição. Com a chegada do recesso acadêmico, o Cineclube Vi-Vendo Imagens fará sua última apresentação do semestre, excepcionalmente às 16h, na sala de Vídeo Conferência do PAF 3 (Campus de Ondina). A exibição será iniciada mais cedo para que os participantes desfrutem da companhia do ilustre convidado, que solicitou mais tempo para o debate após a exibição do filme. “Eu me lembro” recebeu, quando era apenas um roteiro, em 2001, o Prêmio Carlos Vasconcelos Domingues, patrocinado pela Secretaria de Turismo e Cultura do Estado da Bahia, como incentivo à produção de filmes. Também foi o grande vencedor do 38.º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, em 2005, com os prêmios de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Atriz, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Roteiro e Prêmio da Crítica.

André Setaro, professor da UFBA e crítico de cinema, comenta em seu blog: “Retrato de sua geração, a mesma, aliás, que se angustia e se exaspera em Meteorango Kid, o herói intergalático (1970), de André Luiz de Oliveira, Eu me lembro, trinta e quatro anos depois deste filme, vem, por assim dizer, fazer um balanço da trajetória tumultuada de uma rebeldia anárquica que pontificou a partir de meados dos anos 60 com o chamado Cinema Marginal. E que tem, na Bahia, o seu apogeu na iconoclastia do boom superoitista do qual Edgard Navarro é, talvez, o seu mais emblemático representante (...) Estruturado através de fragmentos de memória, Eu me lembro não possui uma narrativa para aqueles que buscam a instalação do conflito clássico in progress ou páginas de viradas explosivas. Se há conflito, este se instaura no interior dos fragmentos e na obra como um todo como o conflito de um realizador com suas lembranças. O corpus, portanto, do filme de Edgard Navarro, é um corpus pleno de fragmentos, estilhaços do que se lembra de mais essencial na formação de uma personalidade. Mas o que se possa ver como individualismo se espraia numa perspectiva universalista, porque a obra navarriana é, na verdade, o inventário poético de toda uma geração”.

Para Daniel Caetano, crítico da Contracampo Revista de Cinema, “Navarro levou fé extrema no velho dito que ensina que falar da aldeia é falar do mundo, e assim o seu filme falou de sentimentos infantis plenamente identificáveis, não importa se tiveram sua origem em lembranças pessoais, de outros ou apenas invenções. Isso tudo poderia soar banal, mas não é o caso: a graça e a inquietação do filme fazem do encontro com ele uma sessão de relembranças e comparações. Não tenha dúvida, caro leitor - enquanto via cada trecho do filme, pensava eu, cá com minhas memórias: "Ah, comigo não foi assim, foi assado"; "ah, isso comigo também foi mais ou menos assim"...

O filme traça um painel de três décadas no país - da perda da ingenuidade, nos anos 1950, ao desencanto da década de 70 -, acompanhando as descobertas de um menino baiano ao longo da vida: os mitos católicos, os tabus da adolescência, os problemas familiares, a ditadura militar e as drogas.