Início >> Ufba Em Pauta >> UFBA se despede do professor Bautista Vidal, idealizador do Proálcool

UFBA se despede do professor Bautista Vidal, idealizador do Proálcool

Vidal foi defensor do uso das energias alternativas

 

 

A Universidade Federal da Bahia lamenta o falecimento do professor José Walter Bautista Vidal, ex-diretor e docente da Faculdade de Física da UFBA. Vidal, que faleceu aos 78 anos, no último sábado (1° de junho), foi um grande representante da física na Bahia e no Brasil e autor de uma série de livros, alguns premiados, em que defendeu os seus pontos de vista sobre a economia do país.

Crítico do modelo de desenvolvimento brasileiro, o professor defendeu a utilização e estudo de energias alternativas, foi o idealizador do Programa Nacional do Àlcool (Pró-Álcool) e, em cooperação com o Urbano Ernesto Stumpf, contribuiu para a criação do motor a álcool.

O físico e engenheiro baiano deixa um legado de realizações que repercutiu nacional e internacionalmente e contribuiu para o avanço científico e tecnológico nas últimas quatro décadas no nosso país. Bautista Vidal também foi um dos mais destacados participantes do movimento acadêmico que contribuiu para a criação do atual Instituto de Física da UFBA, que manifestou-se sobre a perda do ilustre professor.

A MORTE DE BAUTISTA VIDAL

 

A direção e a comunidade do Instituto de Física da UFBA receberam, com consternação, a notícia do falecimento, em 01/06/2013, do Professor José Walter Bautista Vidal, ex-diretor e docente do setor de Física, do antigo Instituto de Matemática e Física (IMF) da Universidade da Bahia (UBA), no início dos anos 1960. Ele foi um dos mais destacados participantes do movimento acadêmico que culminou com a reforma universitária que transformou a citada universidade, na atual Universidade Federal da Bahia, em 1968, quando surgiu o atual Instituto de Física (IFUFBA).

Bautista Vidal graduou-se em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da UBA, em 1958, quando foi agraciado com o prêmio Joaquim Wanderley de Araújo Pinho, de melhor graduando. Foi aluno do curso de Bacharelado em Física, na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da UBA. Em janeiro, de 1959, foi para o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), Rio de Janeiro, onde além de realizar pesquisas atingiu a categoria de 1º Assistente, quando decidiu realizar estudos de pós-graduação na Universidade de Stanford (USA), no período de 1961 a 1963. Nesse último ano decidiu retornar à Bahia e se tornou professor de Física Geral e Experimental, na Escola Politécnica. Naquele período iniciou-se como militante da reforma universitária e apoiou a criação de Institutos de Ciências Básicas na universidade, com o intuito de ver o desenvolvimento do ensino, da pesquisa e da extensão universitários. Transferiu-se para o IMF e liderou um processo de cooperação entre aquela instituição e a PETROBRÁS, em vista de sua percepção de que o Estado da Bahia era detentor de ricas jazidas minerais e petrolíferas e, portanto, ele viu a importância de se criar o 1º Curso de Pós-Graduação latu-sensu em Geofísica, no qual foram graduados os primeiros geofísicos que impulsionaram os trabalhos de pesquisas geofísicas na plataforma continental.

Foi graças à sua liderança que surgiu o convênio internacional entre a UFBA, através do IFUFBA, e o Grupo de Geofísica Nuclear, do Centre des Faibles  Radioactivités de Gif-Sur-Yvette, França, que estabeleceu o Grupo de mesmo nome na UFBA, que influiu na construção do Laboratório de Fracas Radioatividades (atual Laboratório de Física Nuclear Aplicada do IFUFBA) e foi o germe do futuro Programa de Pós-Graduação em Geofísica da UFBA. A sua preocupação com o ensino de ciências básicas o fez procurar a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e trazer para Salvador um dos centros de desenvolvimento em ciências, aqui denominado CECIBA (Centro de Ciências da Bahia), cujo trabalho era dar cursos e treinamentos (de Física, Matemática, Biologia e Química ) a professores e estudantes das escolas secundárias no Estado da Bahia.

Em 1969, o Governador da Bahia Luiz Viana Filho convidou Bautista Vidal para criar a Secretaria de Ciência e Tecnologia, tornando-se o seu primeiro titular. A partir dessa experiência tornou-se uma figura bastante conhecida e convidada para participar de distintas instituições, a exemplo da UNICAMP, UnB, CAPES, IPEA e o cargo de Secretário de Tecnologia Industrial do Ministério de Indústria e Comércio (MIC). Na sua passagem pela UNICAMP ele foi o idealizador do Centro de Indústria e Alta Tecnologia (CIATEC), o qual agregava a TELEBRÁS, a Secretaria Especial de Informática (SEI), a UNICAMP, a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) e o Governo do Estado de São Paulo, com a participação de indústrias. Em Campinas, ele também promoveu a criação da Companhia de Desenvolvimento Tecnológico (CODETEC), tornando-se membro do Conselho das duas citadas instituições. Foi um crítico do modelo de desenvolvimento do país, defendeu a utilização e estudo de energias alternativas, foi o idealizador do Programa Nacional do Àlcool (Pró-Álcool) e em cooperação com Urbano Ernesto Stumpf (1916-1998) foi o idealizador do motor a álcool.

O físico e engenheiro baiano Bautista Vidal, falecido aos 78 anos, deixa um legado de realizações que repercutiu nacional e internacionalmente, contribuindo para o avanço científico e tecnológico, nas últimas quatro décadas, no nosso país. Apesar de ter escrito uma tese de Livre-Docência (não defendida) e não ter tido possibilidade de angariar outros títulos acadêmicos, Bautista Vidal foi um verdadeiro docente, um notável líder, criador de instituições e autor de uma série de livros, alguns premiados, em que ele defendeu os seus pontos de vista em prol do avanço de seu País.

 

A DIREÇÃO DO INSTITUTO DE FÍSICA DA UFBA