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Serra das Paridas, na Chapada, está pronta para visitantes

Secretaria de Cultura e IPAC conduziram comitiva

 

Um dos maiores sítios arqueológicos da Bahia, a Serra das Paridas, localizado a cerca de 36 km da cidade de Lençóis, na Chapada Diamantina, já está praticamente pronto para receber visitantes. O sítio integra o Projeto Circuitos Arqueológicos da Chapada, proposto pela Secretaria de Cultura (Secult), através do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), em parceria com o departamento de Antropologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), com base em bens culturais de relevâncias históricas e simbólicas encontrados na região. “A ideia começou em 2008 quando realizamos o Forum de Patrimônio Material em Lençóis, reunindo prefeituras, agentes públicos municipais e estaduais, além de representantes da iniciativa privada, como agências de viagem e guias de turismo”, disse no último domingo, dia 22, o diretor geral do IPAC, Frederico Mendonça, ao visitar o sítio arqueológico Serra das Paridas acompanhado pelo Secretário de Cultura, Albino Rubim, 22 técnicos e assessores da secretaria.

Formando uma caravana cultural que fica na Chapada até esta quinta-feira (dia 26), o grupo está visitando os municípios de Lençóis, Wagner, Nova Redenção e Iraquara, realizando circuito-piloto para ter a viabilidade de roteiros culturais em sítios e locais com edificações tombadas e manifestações tradicionais. “Depois dessa visita poderemos ter mais parcerias com secretarias estaduais, que dispõem de turismólogos, engenheiros ambientais e outros especialistas, que podem aprimorar o projeto”, disse o diretor do IPAC. O projeto já pesquisou, identificou e registrou 57 sítios de pinturas rupestres na Bahia, bens paisagísticos e edificações reconhecidas como patrimônios culturais. O objetivo é criar roteiros culturais que estimulem o desenvolvimento econômico sustentável dessa área. “Começamos com o primeiro, para termos certeza da viabilidade”, disse Mendonça.

A caravana de 22 pessoas da Secult/IPAC enfrentou estradas de terra, muito sol, caminhos tortuosos de pedras e passagens por cavernas para conhecer de perto o sítio das Paridas que dispõe de belas pinturas em tons ocre, amarelo, preto e branco, feitos a centenas de anos atrás por agrupamentos de coletores-caçadores que ali viveram periodicamente. A Paridas é um conjunto formado por quatro sítios arqueológicos. Segundo o arqueólogo, professor da UFBA e coordenador geral do projeto, Carlos Etchevarne, dos quatro, apenas o sítio Serra das Paridas I está aberto para a visitação. “Os demais ainda estão em fase de estudo”, disse o especialista, que também acompanhou a equipe da Secult/IPAC.

Para o pesquisador em Arqueologia Alvandyr Bezerra, assistente-chefe do Prof. Etchevarne, existem duas versões para o nome do local. Segundo moradores, a serra era utilizada por onças para terem os filhotes. Já outra versão aponta que o nome foi dado devido a algumas pinturas antigas aparentando mulheres em posição de cócoras, prontas para parir, como algumas índias brasileiras fazem até hoje. A Paridas tem predominância de pinturas que formam desenhos geométricos, distribuídos em vários paredões e abrigos. “Encontramos triângulos e quadrados, e outros mais complexos, além de imagens de animais e vegetais”, diz Bezerra.

“É importante entender o local como indício de ocupação humana de grande valor histórico. O circuito é uma forma de garantir que as pessoas façam turismo e ao mesmo tempo tenham acesso à informação de preservação para que futuras gerações tenham acesso e entendam o passado”, conclui o Bezerra. Com território formado há 1,7 bilhão de anos atrás, a Chapada encontra-se a 400 km da capital baiana, detém as maiores altitudes do Nordeste brasileiro – com pontos de mais de 2 mil metros de altura –, enorme variedade ambiental e significativas edificações dos séculos XIX e XX.

O projeto do IPAC/UFBA também promoveu mobilizações, oficinas e cursos durante 15 meses em seis municípios, Lençóis, Palmeiras, Iraquara, Morro do Chapéu, Wagner e Seabra. Cerca de 450 pessoas foram beneficiadas, transformando-se em multiplicadores. Foram realizados ainda Seminário Internacional de Arte Rupestre com estudiosos franceses e a renomada arqueóloga Niéde Guidon, o 5º Seminário de Arte Rupestre e a 3ª Reunião da Associação Brasileira de Arte Rupestre. Por fim, foi montada a exposição Circuitos Arqueológicos em Salvador em setembro e outubro do ano passado (2011).

“Os gestores públicos municipais, empresários que investem nessa área e todos os interessados na Chapada devem se unir pela preservação de sítios como esses”, alerta o diretor do IPAC. “A meta é mostrar que o turismo cultural é um vetor viável para o desenvolvimento econômico sustentável desses municípios e suas populações, a partir de atrações culturais valiosas”, finaliza Mendonça. Nesta caravana estão sendo distribuídos 100 “folders” de Patrimônio Cultural, outros 100 dos Circuitos Arqueológicos, 40 Guias de Orientação aos Municípios Baianos, além de kits com a série Cadernos do IPAC que tratam de bens culturais imateriais.