No dia 19 de outubro a UFBA recebeu o ganhador do Prêmio Nobel de Química 2008, Prof. Martin Chalfie, da Universidade de Columbia, que proferiu a conferência “Proteína Fluorescente Verde (GFP): iluminando a vida”. Chalfie é biólogo e Ph.D em neurobiologia pela Universidade de Harvard, EUA. Em sua palestra, ele explicou o caminho que o levou à descoberta e desenvolvimento da proteína verde fluorescente como marcador genético. Chalfie disse que tudo começou quando, em seus experimentos com minhocas e outros pequenos animais, tentou buscar neles a célula responsável por deixá-los sensíveis ao toque. Em 25 de abril de 1999 chegou a inspiração. Em um seminário, Chalfie ouviu falar no químico japonês Osamu Shimomura, que conseguiu isolar a proteína verde fluorescente da água-viva Aequorea Victoria.
O professor achou, então, que, colocando essa proteína em suas minhocas, poderia identificar nelas os genes ativos para o toque. Ele contou com o apoio de Douglas Prasher, um biólogo molecular que conseguiu clonar os genes fluorescentes e colocá-los em bactérias. O experimento foi um sucesso e Chalfie criou um novo método para analisar genes ativos. “Temos uma maneira dinâmica de acompanhar organismos vivos”, disse. Segundo ele, depois de publicar sua nova descoberta, muitos cientistas perguntaram sobre a possibilidade de desenvolver proteína fluorescente de outras cores. O bioquímico Roger Tsien, que juntamente com Chalfie e Shimomura desenvolveu a proteína fluorescente verde, conseguiu alterá-la para obter cores variadas. Isso permitiu que os cientistas pudessem rotular seus experimentos acompanhando processos biológicos diferentes ao mesmo tempo.
Hoje, a GFP vem sendo utilizada para estudar o vírus da AIDS e a metástase do câncer, pois através dela os cientistas podem acompanhar o crescimento das células doentes e compreender como elas se desenvolvem. E não apenas no estudo de doenças a GFP vem sendo usada. De acordo com Chalfie, o pesquisador Robert Berlage usou a proteína fluorescente verde para encontrar minas terrestres introduzindo-a em bactérias. “Eu gosto desse exemplo, pois mostra alguém que está usando o cérebro, utilizando a GFP para ajudar outras pessoas”, disse Chalfie.
De toda sua experiência, Chalfie diz ter tirado sete grandes lições: o sucesso científico vem por diversas rotas; a maioria das descobertas é acidental; é preciso ignorância, teimosia e vontade para tentar ajudar; o progresso científico é cumulativo; alunos e doutores são os inovadores de laboratório; toda a vida deveria ser estudada e não apenas organismos modelos e: pesquisa básica é essencial, é o motor que dirige a inovação levando a descobertas para doenças humanas e avanços para a agricultura e indústria.
A conferência, promovida pela Sociedade Brasileira de Química, pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Energia e Ambiente/UFBA-CNPq e apoiado pela Fapesb, fez parte da programação da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia e da comemoração do Ano Internacional da Química (AIQ 2011). Estiveram presentes, compondo a mesa de abertura, o diretor geral da Fapesb, Roberto Paulo Machado Lopes; a reitora da UFBA, Dora Leal Rosa; o Prof. Jaílson Bittencourt, membro da Academia Brasileira de Ciências; Dra. Eliane Azevedo, ex-reitora da UFBA; Profa. Blandina Viana, coordenadora de Extensão da UFBA; e Profa. Maria de Lourdes Botelho, diretora do Instituto de Química da UFBA.
(Fonte: Ascom/Fapesb)