A celebração dos 90 anos do professor Roberto Santos, realizada na terça-feira (13/09), na Sala dos Conselhos da Reitoria da UFBA, reuniu personalidades das diversas áreas do conhecimento que juntas prestaram uma homenagem ao professor emérito e ex-reitor da UFBA (1967-1971). Em tempo, 15 de setembro é a data do seu aniversário. O evento foi promovido pela Academia de Ciências da Bahia, Academia de Letras da Bahia, Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, Academia Baiana de Educação, Academia de Medicina da Bahia e Universidade Federal da Bahia, entidades das quais o professor faz parte. O vice-Reitor da UFBA, Paulo César Miguez, participou da cerimônia, representando o reitor João Carlos Salles.
A ex-reitora Eliane Azevedo, que foi aluna e orientanda de iniciação científica de Roberto Santos, relembrou a trajetória do homenageado desde a adolescência no colégio Antônio Vieira, quando era o aluno merecedor das melhores notas, empenhado nos estudos a ponto de criar um laboratório de química no porão de sua casa com a ajuda da mãe. Ela destacou o êxito obtido anos mais tarde no vestibular de Medicina, os estudos realizados nas universidades de Cornell e Harvard, nos Estados Unidos, sua carreira acadêmica de intensa produção científica e a sua dedicação ao Hospital das Clínicas da UFBA. “Ele foi um verdadeiro mestre que abria horizontes aos seus alunos. Foram gerações de pesquisadores apoiadas e incentivadas por eles”, disse a ex-reitora, que revelou toda a sua gratidão pelos ensinamentos do professor.
O empresário Joaci Goes, amigo pessoal do homenageado, ressaltou que Roberto Santos era reconhecido como uma sumidade médica do país antes mesmo de completar 40 anos de idade, tal o seu nível de conhecimento e respeitabilidade. “Roberto Santos é fusão da inteligência com a disciplina, a integridade e a vontade de servir”, definiu Goes, que destacou também a atuação do professor Roberto como gestor à frente dos diversos cargos públicos que ocupou, entre os quais o de Secretário de Saúde (1967), Ministro de Estado (1986/1987) e Governador da Bahia (1975-1979).
O papel de Roberto Santos como reformador da universidade foi o tema da fala do professor Edivaldo Boaventura, ressaltando que uma ampla restruturação da UFBA foi promovida durante o seu reitorado, com forte ênfase no desenvolvimento científico através da implantação de quatro institutos de ciências básicas. Durante o encontro, o homenageado da noite recebeu o título de membro emérito da Academia de Medicina da Bahia – onde já ocupa a cadeira de número 9 – e uma placa de homenagem das entidades acadêmicas das quais faz parte e que promoveram o evento.
A professora Mariluce Moura, que abordou a atividade memorialística de Roberto Santos, o definiu como um visionário, pesquisador e intelectual extraordinariamente bem formado e, ao mesmo tempo, notável realizador em múltiplos campos. Ela destacou a sua prodigiosa memória, demonstrada em conversas e entrevistas, e o sentido de servidor público com que ele mesmo se define, presente nas narrativas dos seus livros de memórias Vidas paralelas, (1993) e Na Bahia das últimas décadas do século XX: um depoimento crítico (2008). A professora ressaltou que o primeiro livro traz vigorosamente à cena a vida e as relações sociais na Salvador das primeiras décadas do século XX, o ambiente da Faculdade de Medicina, as deficiências na formação dos médicos, a criação da primeira universidade baiana, as intrigas políticas, a descoberta de outros panoramas culturais no Brasil e no exterior, etc. Já o outro título apresenta-se como um texto vinculado às grandes realizações, às parcerias de trabalho e aos imensos embates do autor em sua vida pública.
A homenagem contou com a presença de autoridades, muitos amigos, familiares, ex-alunos e admiradores do professor. O evento integrou a programação do Seminário Relendo Edgard Santos – que foi realizado neste mês de setembro para celebrar o fundador da Universidade Federal da Bahia – e faz parte das comemorações pelos 70 anos da UFBA.