A paz é condição fundamental para a vida em sociedade e deve ser perseguida incansavelmente por todas as instâncias e órgãos do Poder Público, detentor da obrigação constitucional de garanti-la a cada cidadão e cidadã.
A paz social verdadeira e duradoura assenta, por sua vez, em patamares dignos de distribuição de renda e acesso a saúde, habitação, saneamento, trabalho, educação e cultura, que devem ser objetivos primordiais de políticas públicas governamentais permanentes e articuladas, de modo que a criminalidade se torne exceção a ser coibida.
É em defesa de uma efetiva cultura de paz que a Universidade Federal da Bahia vem a público manifestar forte preocupação diante dos números alarmantes recentememente divulgados pelo Mapa da Violência 2023 (com dados de 2021 e 2022), que conduzem à trágica e incontornável constatação de que nosso Estado é um dos mais violentos do país.
Enquanto ente produtor e difusor de conhecimento, a Universidade coloca-se à disposição do Poder Público e da Sociedade Civil para contribuir no debate e no desenho de novas e mais eficazes políticas de enfrentamento à violência, abarcando tanto sua face aparente - a criminalidade, que requer qualificação, valorização e inteligência das polícias, de modo que essas corporações não se desvirtuem em aparelhos de extermínio - quanto suas causas estruturais, fundadas na incapacidade do Estado de alcançar adequadamente populações majoritariamente pobres, negras e periféricas - que, marginalizadas, tornam-se vetor e alvo da reprodução social da desigualdade, da criminalidade e da mortalidade, flagelos históricos da sociedade baiana e brasileira.
Nesse sentido, a UFBA propõe a realização, o mais brevemente possível, de um seminário em conjunto com governos e entidades comprometidas com a causa da paz, a fim de positivar, em uma Carta pela Paz e pela Vida na Bahia, diretrizes norteadoras de medidas concretas de enfrentamento à violência em nosso estado.
