Você já participou de algum evento em que palestrantes, antes de iniciarem suas falas em mesas redondas, fazem um ensaio aberto ao público e em que tais mesas se chamam performances? Um evento em que tem música nos ensaios matutinos e tem música todos os dias também nos recitais de fim de tarde? Se não, sua chance de fazer essa experiência diferente começa já na segunda, 5, e vai até a quarta, 7 de dezembro, no belíssimo Museu de Arte Sacra, com o Paralaxe – I Festival de Pesquisa em Música da UFBA.
A rigor, o Paralaxe é um simpósio de pesquisa em música organizado pelo Programa de Pós-Graduação da Escola de Música da UFBA (PPGMUS) e pelo Programa de Mestrado Profissional (PPGPROM), norteado pelo princípio de que arte e pesquisa estão sempre juntas e misturadas nesse campo, e que se distribui por quatro temas: Pesquisa e produção artística; Pesquisa e ensino; Pesquisa e memória; Pesquisa e articulação com a sociedade (para programação completa, veja em…).
“Estamos no campo da pesquisa e da invenção de mundos. Queremos saber mais como o compor e a performance se relacionam. Como o modo pesquisa, que é compor, se relaciona com o modo compor, que é pesquisa?”, brinca a sério, via jogos de palavras que são um pouco mais que isso, o compositor Paulo Costa Lima, professor da Escola de Música e assessor especial da reitoria da UFBA, um dos responsáveis pela realização do Paralaxe.
Tudo isso será debatido nos ensaios e performances por 24 pesquisadores baianos e 12 convidados, entre eles, Sonia Albano, professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música, e Luís Ricardo Queiroz, professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e presidente da Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM).
A ideia é que nos ensaios, durante uma hora, os três participantes de cada mesa da tarde acertem o que vão dizer, inclusive com exercícios musicais, se necessário. E à tarde, já bem ajustados, cada um tenha 15 minutos para suas falas, a que se seguem as intervenções do público.
Paralelamente, cerca de 80 trabalhos de mestrandos e doutorandos serão apresentados ao longo dos três dias do evento na Passarela da produção, uma feira em que cada um pode tanto narrar quanto tocar seu poster.
“Nas conversas com Lucas Robatto, coordenador do mestrado profissional do PPGPROM e uma pessoa muito criativa, vimos que, se os temas de discussão do festival trazem um componente inovador forte, seria muito bom que seu formato fosse também inovador”, conta. A propósito, os coordenadores dos seis mestrados profissionais em música que existem no país têm encontro marcado no Paralaxe, na terça feira às 18 horas, sob a batuta da professora Tania Fisher, da Escola de Administração, e uma pioneira e entusiasta da implantação desse tipo de mestrado na UFBA.
Há na programação do evento, na segunda, às 18 horas, também o lançamento de cinco livros da lavra do pessoal da Escola de Música: “25 anos do PPGMUS UFBA : reflexões sobre uma trajetória”, organizado por Diana Santiago, que traz o inventário das 120 teses e 270 dissertações elaboradas nos 25 anos do programa, ao lado de algumas falas, “Teoria e prática do compor III: lugar de fala e memória”, de Paulo Costa Lima, “Teoria e prática do compor IV: horizontes metodológicos”, organizado por Paulo Costa Lima, “Ampliando a discussão em torno de documentos visuais, iconográficos, sonoros e musicais”, organizado por Pablo Sotuyo Brando et all, e “Etnomusicologia no Brasil”, organizado por Angela Lühning e Rosângela Pereira de Tugny.
A propósito, Paralaxe é, simplificadamente, o deslocamento aparente de um objeto quando se muda o ponto de observação.
Mariluce Moura para o EDGARDIGITAL