Início >> Ufba Em Pauta >> Núcleo de Excelência em Asma da UFBA e ProAR reinauguram ambulatório de referência

Núcleo de Excelência em Asma da UFBA e ProAR reinauguram ambulatório de referência

Equipe multidisciplinar atende 1.200 pacientes por mês

Nesta terça-feira (26/07), às 10 horas, ocorrerá a reinauguração das instalações do Ambulatório Central de Referência do Programa de Controle da Asma na Bahia (ProAR), coordenado pelo professor Adelmir Souza-Machado, e do Núcleo de Excelência em Asma da UFBA, coordenado pelo professor Álvaro Cruz. O ambulatório está localizado no Multicentro de Saúde Carlos Gomes – Rua Carlos Gomes, nº. 270, 7º andar. O espaço passou por uma ampla reforma para a modernização das instalações físicas e aquisição de novos equipamentos laboratoriais e de assistência respiratória.

O professor Adelmir Souza-Machado destaca que a reforma do ambulatório era uma necessidade. “Atendemos cerca de 1.200 pacientes por mês, com uma equipe de médicos, enfermeiros, farmacêuticos e assistentes sociais. O programa, que foi implantado em 2003, cresceu bastante e foi preciso ampliar o espaço para prestar a assistência multiprofissional adequada”, disse. Durante os oito meses de obras, o ambulatório funcionou provisoriamente nas instalações da Faculdade de Medicina, no Terreiro de Jesus, e no Instituto de Ciências da Saúde (ICS/UFBA). Projetos de pesquisa executados em parceria com instituições internacionais ajudaram a financiar a modernização do espaço.  

A asma é uma doença crônica que pode ter uma origem alérgica ou não, esta última relacionada a más condições de higiene e moradia. A exposição a fatores como poeira, fumaça, mofo e produtos químicos com cheiro muito forte podem desencadear sintomas da doença. O seu diagnóstico não é tão simples como em outras doenças e se baseia em sintomas, tais como tosse, chiado no peito e falta de ar recorrentes. Em períodos de crise, a doença pode comprometer a capacidade de o indivíduo executar atividades cotidianas e profissionais e até provocar a morte por asfixia, quando a asma não é diagnosticada e tratada corretamente.

Segundo dados de estudos do Núcleo de Excelência em Asma e do Grupo SCAALA (Social Change Asthma and Allergy in Latin America), coordenado pelo Professor Maurício Barreto, do Instituto de Saúde Coletiva (ISC/UFBA), 10% das crianças com sintomas de asma em Salvador apresentam a forma grave da doença. Por meio de intervenção educacional oferecida a pacientes e familiares para o controle da doença, de investimento em pesquisa e o fornecimento de medicações, o programa resultou em uma redução de 74% das internações por asma na cidade, entre os anos de 2003 e 2006. Com isso, estima-se que foram evitadas cerca de 1200 internações por ano, gerando uma grande economia para o Sistema Único de Saúde (SUS) desde os primeiros anos de funcionamento do programa, que continua funcionando apesar do apoio limitado às suas atividades assistenciais pelas diversas instâncias do SUS.

 “O Brasil está entre os oito países do mundo que mais registram casos asma, com uma média de três mortes por dia no país em decorrência da falta de tratamento correto. No entanto, a asma é uma doença que pode ser controlada com os cuidados adequados e, nos casos mais simples, os sintomas podem melhorar espontaneamente. Os casos graves devem ser tratados regularmente com medicação que é fornecida pelo SUS, essencial para que o paciente respire melhor e tenha uma vida normal”, afirma Álvaro Cruz, professor Faculdade de Medicina da Bahia (FAMEB/UFBA) e membro da Iniciativa Global contra a Asma, que tem como objetivo divulgar o conhecimento sobre a asma entre os profissionais de saúde e equipe multidisciplinar que atuam no tratamento da doença e oferecer aos pacientes e seus familiares acesso a informações para o controle da doença. Através do site da organização (http://www.ginanobrasil.org.br e www.ginasthma.org) informações relevantes podem ser acessadas, incluindo as diretrizes para o controle da doença, publicações científicas e o contato de associação de pacientes.

O coordenador do núcleo de excelência sobre a doença na universidade recorda-se das muitas pessoas com asma grave que estiveram repetidas vezes em atendimentos de emergência dos hospitais da cidade até receberem o atendimento e tratamento adequado através do programa, que evitaram em 90% as crises relacionadas à doença. Ele ressalta a necessidade de investimento e aperfeiçoamento de políticas públicas para o controle e tratamento da asma, aliando o acesso a medicamentos essenciais à capacitação das equipes de saúde da família e à constituição de centros de referência para a asma grave.

Recentemente, durante o Congresso da UFBA, foram apresentadas pesquisas de pós-graduação que visam promover melhorias no tratamento da doença e na qualidade de vida dos pacientes, desenvolvidas sob a orientação do professor Álvaro Cruz. Entre as quais está a investigação de um biomarcador para a asma grave, avaliando, entre outros parâmetros, a associação entre a doença e eosinofilia sanguínea – contagem elevada de um tipo de leucócito, o eosinófilo. A expectativa é que, a partir de um exame de sangue corriqueiro, seja possível identificar o tipo de asma que afeta cada paciente e orientar o tratamento mais adequado da asma grave, em casos em que o tratamento habitual não é suficiente para o controle da enfermidade. O teste normalmente utilizado para o diagnóstico da asma é a espirometria, contudo há uma busca em todo o mundo por biomarcadores que indiquem os tipos diferentes de asma e orientem com mais precisão opções de tratamento.

 

Sobre o ProAR e o Núcleo de Excelência em Asma da UFBA

Criado a partir de um projeto de extensão vinculado à Faculdade de Medicina da UFBA, o Programa de Controle da Asma na Bahia (ProAR) foi implantado em 2003 com o objetivo coordenar as ações de prevenção e assistência a pacientes portadores de asma no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) na Bahia, buscando assegurar o fornecimento de medicações gratuitas com regularidade para garantir melhoria na qualidade de vida, redução de internações, de atendimentos de emergência e mortalidade, ao mesmo tempo capacitando profissionais de saúde e pesquisadores para o controle da asma e investigando as características da asma grave em Salvador. O ProAR é coordenado atualmente pelo professor Adelmir de Souza-Machado, um dos seus fundadores, que é também o diretor do Instituto de Ciências da Saúde da UFBA.

Em 2007, o ProAR foi adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um programa modelo para o controle da asma em países de renda baixa ou média. O grupo de pesquisadores do ProAR e do Núcleo de Excelência em Asma, do Serviço de Imunologia do Hospital Universitário, liderado pelo professor Edgar Carvalho, juntamente com o grupo do Projeto SCAALA, que reúne também pesquisadores do Instituto de Saúde Coletiva (ISC/UFBA) liderados pelo professor Maurício Barreto, do Instituto de Ciências da Saúde (ICS/UFBA), incluindo as professoras Neuza Neves e Camila Figueiredo, constituíram um dos principais polos de pesquisa em asma na América Latina. O programa já contou com financiamentos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), do CNPq, da Fundação Wellcome e da empresa GlaxoSmithKline da Inglaterra.