O projeto Aú: A UFBA e os/as Mestres/as de Capoeira, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão (Proext), trouxe ao longo do mês de novembro à Praça da Artes, campus de Ondina, rodas de capoeira e rodas de conversa com reconhecidos mestres e mestras da capoeira, uma contribuição especial ao estreitamento da relação da comunidade universitária com uma das mais fortes manifestações das culturas tradicionais brasileiras.
Participaram das rodas do dia 22 os mestres Pelé da Bomba e Bola Sete, da Associação Brasileira de Capoeira Angola (ABCA). Um dos mais antigos mestres dessa modalidade da dança/luta em atividade, Pelé falou de sua participação em shows folclóricos de capoeira realizado desde os anos 1960, enquanto Bola Sete, que tem dois livros publicados pela Edufba, recordou a “época de valentões”, em que havia disputas de grupos de capoeiristas no centro histórico da cidade.
Os convidados do dia 23, data de aniversário de Mestre Bimba, foram Nenel e Cafuné, ambos alunos do famoso criador da capoeira regional - Nenel, aliás, é filho de Bimba. Eles abordaram exatamente os fundamentos da capoeira regional e a preocupação em manter seu legado tal qual o mestre o deixou. da capoeira tal qual como foi deixado pelo Mestre Bimba.
Mestre Cobra Mansa, um dos criadores do maior grupo de capoeira angola do mundo, a Fundação Internacional de Capoeira de Angola (FICA), e a mestra Janja, do grupo Nzinga, ambos representantes também do Grupo de Capoeira Angola Pelourinho (GCAP), abordaram em 29 de novembro temas como cultura negra, africanidades, capoeira angola, saberes populares e sua relação com a academia.
Por fim, no dia 30 foram abordadas as mudanças por que vem passando a capoeira ao longo do tempo, com intervenções dos Mestres Virgílio e Boca Rica, este aluno do mestre Pastinha e grande cantador da capoeira, com vários discos gravados. Mestre Virgílio falou de seu trabalho com a capoeira na Fazenda Grande do Retiro e de sua vivência com tradicionais mestres, entre os quais Valdemar, Caiçara e Espinho Remoso, de quem é filho.
Em paralelo ao evento, também em novembro ocorreu na UFBA o I Encontro do Coletivo Ginga de Angola, que se organiza como um projeto de extensão. Além de oferecer aulas regulares na Escola de Dança da UFBA, o coletivo trabalha com a cultura popular afro-brasileira através da prática, pesquisa e articulação de políticas públicas. No encontro foram feitas oficinas e apresentações de manifestações artísticas diversas, entre as quais samba de roda, jongo e tambor de crioula, além, é claro, de rodas de capoeira.