Para além da ausência de doença, a saúde está intrinsecamente conectada com a qualidade de vida do indivíduo por meio da prevenção e promoção da saúde, principalmente através do esporte. Esta foi a máxima que direcionou as discussões da mesa “Esporte, Saúde e Qualidade de Vida”, promovida por professores da Faculdade de Educação Física, representantes dos estudantes e técnicos administrativos, realizada durante o sábado (16/07), no Congresso da UFBA. O encontro teve o objetivo de apresentar como o esporte funciona na universidade, as demandas da comunidade e quais os desafios enfrentados para a construção de uma política pública do esporte na Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Os participantes da mesa foram unânimes na preocupação quanto à atual situação esportiva da universidade, que vai da falta de estrutura institucional à baixa qualidade dos espaços reservados para a prática das atividades físicas. O Centro de Educação Física e Esporte (CEFE) da UFBA foi construído no final da década de 1970 e compõe pequena parte do projeto original.
“Muitas oportunidades de revitalização do CEFE foram perdidas por conta da falta de interesse das gestões anteriores ou por barreiras na burocracia. Atualmente o reitor João Carlos alocou recursos para o setor, realizou algumas melhorias e criou um Grupo de Trabalho que deve, dentro de 90 dias, sugerir um norte para as políticas de esporte da UFBA”, afirmou o professor da Faculdade de Educação (FACED) da UFBA José Ney Santos.
Grupo de Trabalho (GT - Esporte)
A criação do Grupo de Trabalho do Esporte (GT- Esporte) é uma demanda existente desde que, em 1974, um decreto do governo federal estabeleceu a obrigatoriedade da prática esportiva, o que resultou na construção do CEFE. Recentemente criado, o GT é composto por representantes da comunidade universitária e pretende tornar as soluções individuais, como torneios e treinos realizados por coletivos de estudantes e pelo Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos em Educação das Universidades Públicas Federais no Estado da Bahia (ASSUFBA), em uma pauta institucional intersetorial.
“Desde a educação básica, a prática esportiva tem sido menosprezada, o que se repete em todos os níveis subsequentes da educação, como na universidade. Nosso principal dever é estimular a construção de uma cultura do esporte, não apenas voltada para o rendimento, dentro de um padrão olímpico, mas também como uma estratégia de qualidade de vida para o estudante e funcionário”, explicou o professor, e chefe do Departamento de Educação Física da FACED, Romilson Augusto dos Santos.
Para ilustrar o que pode ser realizado, Mário Sérgio Nascimento Silva, representante da ASSUFBA, apresentou a experiência da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A instituição possui uma Divisão de Atividades Desportivas (DAD), com orçamento próprio e independente, e participação integrada da comunidade universitária. O DAD gerencia as atividades esportivas relacionadas a ensino, pesquisa e extensão, além da manutenção de todo o equipamento. “Anualmente eles possuem o orçamento de cerca de R$ 200 mil, além do valor direcionado às manutenções das pistas, piscinas, campos, entre outros”, disse o servidor.
Atualmente a UFBA conta com equipes de handebol, futsal, vôlei de praia, vôlei de quadra, basquete, rugby, judô, xadrez e natação. A Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Assistência Estudantil (PROAE) fornece a alguns estudantes a Bolsa Atleta, como ajuda de custo para gastos com uniforme e outros equipamentos necessários. “Já é possível perceber, por conta de participação em eventos esportivos e premiações, que o estudante da UFBA tem potencialidade no cenário nacional”, indicou a estudante Ingara Ribeiro, representante do Movimento Universitário Desportivo da UFBA.
O estudante Yuri Coutinho, representante do Núcleo de Esportes do DCE, considerou que o atual formato de gastos da instituição é ineficaz. “A UFBA desperdiça dinheiro com a manutenção do equipamento, que é desgastado não pelo mau uso, mas pela exposição ao sol e do crescimento de vegetação no campo. Melhor seria investir na cobertura da quadra para evitar esses danos, entre tantos outros problemas que percebemos. O GT nos permitirá discutir as estratégias para que haja uma ação duradoura e de qualidade”.