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MAFRO/UFBA: 35 anos de atuação como museu social

Exposição de Terciliano Jr, realizada em julho de 2016

Em meio aos preparativos para a comemoração de seus 35 anos de fundação, em 7 de janeiro de 2017, o Museu Afro-Brasileiro da Universidade Federal da Bahia (Mafro-UFBA) recebeu recentemente a Medalha do Mérito Museológico, conferida pelo Conselho Federal de Museologia, por recomendação do Conselho Regional de Museologia.

A homenagem é “um reconhecimento nacional da atuação do Mafro como espaço ativo, na perspectiva da museologia social, voltado à comunidade negra brasileira”, disse a diretora do museu, professora Maria das Graças de Souza Teixeira, também ela homenageada pelo trabalho desenvolvido nesse equipamento cultural.

Ao longo de sua atuação, o Mafro tem realizado atividades culturais e políticas que enfocam temáticas relacionadas à cultura negra com a presença de artistas de projeção nacional e internacional, e contando com a participação da comunidade negra local. Nesse sentido, a grande ferramenta de que a instituição se vale para mapear a realização de suas ações é a escuta da comunidade, contou Graça, destacando em paralelo que o local também dá visibilidade aos trabalhos de artistas negros iniciantes.

Embalado pelas comemorações dos 70 anos da UFBA, o museu realizou durante o ano de 2016 três exposições marcantes num circuito de integração de artistas negros, dois deles oriundos da primeira turma do curso livre da Escola de Belas Artes: Terciliano Júnior, que levou ao Mafro “A Matriz Africana em Arte”, e Mestre Duda, com “Xilogravuras”. Também ganhou espaço no Mafro a iniciante Aislane Nobre que expôs ali seu trabalho de conclusão do curso de graduação em Belas Artes da UFBA.

Curadora da exposição de Terciliano, um conjunto de 17 telas, 9 esculturas em madeira e 13 trabalhos em papel selecionados por ela, na ocasião Graça destacou, em texto divulgado pela Secretaria de Cultura do Estado, que o artista baiano é herdeiro de um conhecimento milenar. “Com um olhar atento, guia as suas mãos para nos presentear com composições que podem nos levar a reflexões sobre questões contemporâneas relativas a tensões no âmbito da diversidade. Assim, a obra de Terciliano Jr. nos brinda com estética, beleza e conhecimento”.

Atuante na cena cultural, o Mafro também dá ênfase à expressão política, promovendo a inclusão e dando voz à comunidade, via debates, painéis e rodas de conversas. Em 2016 realizou bimestralmente, a série de discussões “Linguagens Pretas”, abordando temáticas da diversidade afrodescendente, o “Agosto da Conscientização”, e “O Mafro e Você”, conjunto de atividades realizadas sempre em novembro, já há cinco anos – na edição mais recente, abordou em três painéis os temas “Empoderamento negro através da fotografia”, “Por que o negro dança?” e “Papo de senzala Navio Negreiro”.

Uma demanda do CEAO

O Museu Afro-Brasileiro foi concebido na UFBA dentro de um projeto iniciado em 1974 para atender à demanda dos intelectuais do Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO), por um equipamento museológico e pedagógico. Em 7 de janeiro de 1982 foi instalado por meio de um acordo entre os ministérios das Relações Exteriores e da Educação e Cultura do Brasil, o governo da Bahia, a Prefeitura Municipal de Salvador e a Universidade Federal da Bahia, sob a direção da professora Yeda Pessoa de Castro, que também estava à frente do CEAO.

A instituição foi pioneira na Bahia e no Nordeste e surgiu como espaço para pesquisa, defesa e divulgação de temas relacionados à interlocução com países africanos, a diáspora e a comunidade negras, contou Graça. Além disso, o Mafro carrega a vocação de “lançar um olhar de reencontro sobre a África e demarcar questões da comunidade negra na Bahia e no Brasil”, destacou ela.

O museu dispõe de uma coleção de peças de origem ou de inspiração africana, ligadas aos aspectos culturais, trabalho, tecnologia, arte e religiões. No acervo há objetos da cultura material africana que foram doados ou comprados pelo antropólogo Pierre Verger em viagem à África, e também materiais da cultura brasileira e afro-religiosa, incluindo um conjunto de talhas em cedro de autoria de Carybé, 27 painéis representando os orixás do candomblé da Bahia, peças doadas por terreiros do Recôncavo e relíquias do Afoxé, Ylê e Cortejo Afro.

O museu está instalado no edifício da Escola de Medicina da UFBA, localizado no Terreiro de Jesus, no Centro Histórico de Salvador e pode ser visitado de segunda às sextas, de 8h às 17h e aos sábados, das 10h às 17h.

 

Fonte: Edgard Digital