Dois lançamentos importantes de livros marcam o final do ano na UFBA: na segunda feira, 19, a partir das 17 horas no Palácio da Reitoria, serão lançados conjuntamente Filosofia, política e universidade, de João Carlos Salles, editado pela Contexto, Recentes pronunciamentos, de Roberto Figueira Santos, e Teoria e prática do compor III: lugar de fala e memória, de Paulo Costa Lima, estes dois últimos produção da Edufba. Na quinta feira, 15, a própria Edufba realizou o XI Festival de Livros e Autores, com lançamento de 18 títulos, juntamente com sua última feira de livros de 2016, no pátio do Palacete das Artes Rodin, na Graça.
O livro de Salles, mirando a filosofia, a política e a universidade, é um sólido e surpreendente conjunto de ensaios, palestras e discursos, capaz de abrir espaço também para pequenos retalhos de memória pessoal tanto quanto para curtos aforismos densamente filosóficos, em 342 páginas. Em termos de linguagem, o trabalho exibe fôlego e vasto repertório de recursos, do texto mais técnico em filosofia até a poesia. E mesmo transitando entre múltiplos temas, há nele equilíbrio, harmonia, alguma provocação, um humor refinado, ironia e, sem dúvida, bastante sabedoria.
Roberto Santos, ex-reitor da UFBA e ex-governador da Bahia, reúne nas 139 páginas desse mais novo livro, de acordo com o resumo da Edufba, um conjunto de pronunciamentos “nos quais presta homenagens a diversas figuras baianas como Rômulo Almeida, José Calasans, Carlos Marcílio, Consuelo Pondé, Edivaldo Boaventura, Eliane Azevêdo e seu pai, doutor Edgard Santos. O autor ainda faz comentários sobre o ensino superior e a formação de médicos no Brasil, e destaca as contribuições da Academia de Ciências da Bahia e do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia”.
Já o novo trabalho de Paulo Costa Lima, terceiro volume da série “Teoria e prática do compor”, inclui em suas 232 páginas um memorial do autor da obra, descrevendo, segundo resumo da editora, “uma trajetória que passeia por suas contribuições profissionais e acadêmicas, incluindo relatos subjetivos de experiências vividas. O livro ainda mobiliza conteúdos diversos relacionados à teoria e à prática do compor, a partir da experiência do “Grupo de Pesquisa em Composição e Cultura” do Programa de Pós-Graduação em Música (PPGMUS) da UFBA”.
Nota de curiosidade: os prefácios dos dois segundos autores são, coincidentemente, assinados pelo primeiro dos três autores do evento da segunda feira.
Já entre os novos livros lançados na quinta feira, 16, pela Editora da UFBA, incluem-se títulos como A reinvenção do desenvolvimento: agências multilaterais e produção sociológica, organizado por Anete Ivo, Modernização do poder executivo na Bahia: estratégia e dinâmica do Programa de Reforma Administrativa do governo Lomanto, de João Eurico Matta e Fumo de Angola: canabis, racismo, resistência cultural e espiritualidade, organizado por Edward MacRae e Wagner Coutinho Alves
O livro organizado por Anete examina a circulação de ideias, a influência e as relações complexas entre as agências multilaterais e a agenda de pesquisas das ciências sociais, nos últimos vinte anos, com atenção maior para a Sociologia.
O trabalho do professor Eurico Matta resulta de pesquisa historiográfica para mostrar o processo de declínio da estrutura administrativa no estado da Bahia na época do governo Lomanto, começo dos anos 1960, até a implantação de uma estrutura modernizada. Naquele momento o autor era o coordenador geral do Programa de Reforma Administrativa, o que facilita seu vívido relato por meio de depoimentos, conversas informais e análise de dados relativos à implementação do novo modelo.
O livro organizado por MacRae e Coutinho Alves, de acordo com o resumo da Edufba, aborda em 23 artigos temas que destacam as inter-relações entre maconha e racismo; religiosidade e xamanismo; maconha como “problema de segurança pública”; etnobotânica; toxicomania; “desbunde e caretice”; cultos afro-brasileiros; autocultivo doméstico; e etnografias sobre áreas culturais diversas: Jamaica, México e Himalaia. A coletânea também analisa a proibição da maconha e outras drogas como estratégia de controle político e social sobre segmentos considerados “perigosos”, em diferentes momentos da história.