“Queremos envolver as pessoas e grupos com trabalham com arte, cultura e mestres populares, que possam trazer demandas e ideias para a universidade. A UFBA já teve uma forte atuação nesta área, mas as ações estavam diluídas, então decidimos criar o Fórum para dar uma atenção especial”, explicou a pró-reitora Fabiana Dultra.
De acordo com Fabiana, o Fórum Permanente de Artes e Tradições Populares (Forpop), iniciativa da Pró-Reitoria de Extensão em parceria com a Assessoria para Assuntos Internacionais. “é um espaço de interlocução entre atores e autores desses múltiplos campos envolvendo a comunidade universitária (docentes, servidores técnicos-administrativos e estudantes), um movimento na perspectiva da construção de ações articuladas pelo reconhecimento da importância e do valor estratégico das diversas formas de produção de conhecimento aí envolvidas, levando, inclusive, à realização de intercâmbios internacionais”. Seria uma espécie de porta por onde se cruzem os projetos e pesquisas ligados à cultura popular, que possam dar subsídio a outras pesquisas e ações.
O coordenador do Fórum, professor Guilherme Bertissolo (coordenador de Produção e Difusão da Extensão Universitária), explicou que a primeira ação se deu através de um edital de Ação Curricular em Comunidade e Sociedade (ACCS), componente curricular em que estudantes e professores da UFBA, em uma relação com grupos da sociedade, desenvolvem ações de extensão no âmbito da criação, tecnologia e inovação. Dos mais de cinquenta projetos aprovados, cerca de quinze têm uma relação direta com o Fórum.
Guilherme também explicou a relação do Forpop com dois programas da Proext, o Desfronteiras, - que visa a aproximação entre o acadêmico e o popular, a universidade e o seu entorno, a tradição e a inovação, enfim – e o Entrâncias, que pretende trazer para a UFBA as práticas culturais das comunidades com as quais a instituição se relaciona. Ficou estabelecida a criação de um grupo de trabalho para criar seu primeiro seminário oficial, que deverá acontecer em breve.
O Forpop conta com outra atividade já em andamento: o Projeto AÚ: A UFBA e os Mestres e Mestras da Capoeira e da Cultura Popular. Iniciado em novembro de 2016, o Projeto AÚ promove mensalmente vivências com mestres populares, articulando diferentes manifestações culturais de matriz africana. Por ele já passaram os mestres Pelé, Bola Sete, Nenel, Cafuné, Cobra Mansa, Janja, Boca Rica, Virgílio da Fazenda Grande, Virgílio de Ilhéus, Curió, Felipe Santiago, Jararaca, João do Boi, Bule-bule, Walmir Lima e o Samba Chula Filhos da Pitangueira.
Durante o Congresso da UFBA, foi realizada uma edição especial de comemoração do centenário do Mestre João Pequeno (em memória), Doutor Honoris Causa pela UFBA, e uma das grandes referências de preservação dos saberes tradicionais da capoeira angola. A atividade contou com a par
ticipação de sua neta, professora Nani, e de seus discípulos, Mestre Aranha, Mestre Zoinho e professor Pedro Abib.
Chama a atenção, o crescente envolvimento entre a tradição e a academia, com o surgimento de mestres da tradição que são acadêmicos, como Iuri Passos, professor da Escola de Música e alabê do terreiro do Gantois, e Janja Araújo, professora do NEIM e mestra de capoeira angola. Algumas universidades, como a UNB e a UFMG, já oferecem disciplinas ministradas por mestres populares. A UFBA apresentou uma relação de mestres que já têm relação com a instituição, através de diferentes projetos. Edvaldo Bolagi (Proext) lembra que a expertise, o conhecimento técnico da universidade, pode auxiliar a essas comunidades de diversas formas, constituindo uma troca de fato.