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Em parceria com a UFBA Secult mapeia bens arqueológicos da Bahia

Prof. Carlos Etchevarne coordena o projeto do IPAC

A partir deste domingo (dia 22 de janeiro), a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult), através do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC) e em parceria com o Departamento de Antropologia da UFBA, inicia o primeiro circuito de arqueologia da Bahia. Trata-se do projeto Circuitos Arqueológicos do IPAC/UFBA, que identifica, pesquisa e realiza manejos de sítios de arte rupestre, bens paisagísticos e edificações reconhecidas como patrimônios culturais na Chapada Diamantina, região central baiana. Uma comitiva integrada pelo secretário da Cultura, Albino Rubim, o diretor geral do IPAC, Frederico Mendonça, prefeitos e diretores municipais, assessores e técnicos estaduais, percorre durante cinco dias – até 26 de janeiro – os municípios de Lençóis, Wagner, Nova Redenção e Iraquara. Com território formado há 1,7 bilhão de anos, a Chapada encontra-se a 400 km da capital baiana, detém as maiores altitudes do Nordeste brasileiro – com pontos de mais de dois mil metros de altura –, enorme variedade ambiental e significativas edificações dos séculos XIX e XX.

A ideia é criar um circuito de visitação que promova a preservação e o usufruto pleno dos bens da Chapada através do Turismo Cultural. Os turistas visitariam esses roteiros a partir dos patrimônios paisagísticos, ambientais, arquitetônicos e de pinturas rupestres da região. “A meta é mostrar que o turismo cultural é um vetor exequível de desenvolvimento econômico sustentável para esses municípios, a partir de atrações culturais irrefutáveis e valiosas”, explica o diretor do IPAC, Frederico Mendonça. Na caravana cultural da Secult/IPAC, além da visitação aos sítios arqueológicos serão anunciados os tombamentos da Igreja Presbiteriana, do Grace Memorial Hospital e do Instituto Ponte Nova no município de Wagner, e o da Vila da Parnaíba, em Iraporanga, no município de Iraquara, incluindo ainda lançamentos de DVD, cartilhas e abertura de exposição de arqueologia.

O projeto Circuitos Arqueológicos começou em 2008, via convênio IPAC/UFBA, com levantamento dos bens culturais, mobilizações, oficinas e cursos que duraram 15 meses em seis municípios – Lençóis, Palmeiras, Iraquara, Morro do Chapéu, Wagner e Seabra. Cerca de 450 pessoas foram beneficiadas, transformando-se em multiplicadores. “Desde 2008, equipe multidisciplinar da UFBA/IPAC percorre cidades identificando e registrando pinturas rupestres e promovendo atividades de educação patrimonial, para ter como resultado final os circuitos”, diz Mendonça. Foram realizados ainda o Seminário Internacional de Arte Rupestre, com estudiosos franceses e a renomada arqueóloga brasileira Niéde Guidon; o 5.º Seminário de Arte Rupestre; e a 3.ª Reunião da Associação Brasileira de Arte Rupestre. Por fim, foi montada a exposição Circuitos Arqueológicos em Salvador, em setembro e outubro do ano passado (2011). “A Bahia é um dos estados mais ricos do país quando falamos da quantidade e qualidade do patrimônio material, como construções seculares tombadas, pinturas rupestres, fósseis ou grutas, e podemos tirar proveito disso”, diz o diretor geral do IPAC, Frederico Mendonça. 
 

Programação - No domingo (22), a caravana cultural da Secult chega a Lençóis e vai a Serra das Paridas, sítio arqueológico já montado para visitação. No dia 23, serão visitadas a cidade de Wagner e as localidades de Cachoeirinha e a Passagem dos Bois. Em Wagner acontece ainda a primeira edição do projeto “Conversando sobre Patrimônio” do IPAC fora de Salvador, começando o Ano II dessa ação. O tema “Missão Presbiteriana na Bahia – Patrimônio Edificado” pontua questões sobre tombamentos com seus impactos em proprietários e municípios. O evento abre o calendário 2012 das palestras que acontecem mensalmente no Conselho Estadual de Cultura, com temática sobre patrimônio, cultura e políticas públicas. Em Wagner também será aberta a mostra Circuitos Arqueológicos da Chapada, no Instituto Ponte Nova, com os municípios de Lençóis, Palmeiras, Iraquara, Morro do Chapéu, Wagner e Seabra. 

Na terça-feira (24) acontece visita a Nova Redenção, no Poço Azul, local onde ocorreram achados pré-históricos, incluindo fóssil de preguiça-gigante. À noite, em Lençóis, ocorre lançamento do DVD “História, Cultura e Patrimônio – A voz da Comunidade”, no auditório da Casa Afrânio Peixoto, da Fundação Pedro Calmon, entidade também vinculada à Secult. Na quarta (25), a caravana segue até Iraquara, onde haverá circuito-piloto com passagem pela Lapa Doce, Lapa do Sol, Pratinha e Iraporanga, em Iraquara. No mesmo dia será lançada cartilha com roteiro e imagens para as prefeituras trabalharem seus circuitos. A caravana será encerrada no dia 26 (quinta).

O coordenador dos Circuitos Arqueológicos IPAC/UFBA, Prof. Carlos Etchevarne, doutor em Pré-história pelo Museu de História Natural de Paris e docente do Departamento de Arqueologia da UFBA, explica que o nome rupestre vem do latim rupes, que significa rochedo, onde são encontrados vestígios, pinturas e desenhos deixados por populações pré-históricas. Considerada um dos mais importantes testemunhos do passado humano no planeta, a pintura rupestre é encontrada, geralmente, em abrigos, grutas e lajedos rochosos de várias partes do mundo e foi produzida por grupos humanos de caçadores-coletores, horticultores, agricultores ou pastores.

Etchevarne relata que nos trabalhos de identificação, pesquisa e gestão de sítios de arte rupestre, e com apoio do Governo do Estado/Secult/IPAC, prefeituras e comunidades, foram mapeados 57 sítios na Bahia. “Esta é a primeira experiência na Bahia de aproveitamento com pesquisa e gestão que visa à preservação de acervo tão extraordinários de sítios”, diz o especialista. A próxima fase é a implementação de itinerários turísticos planejados, com a intervenção de outras secretarias estaduais, prefeituras, agentes privados e comunidades.