Num auditório lotado no Pavilhão de Aulas Reitor Felipe Serpa, antigo PAF I, campus de Ondina, na manhã da terça-feira, 17, uma mesa formada por profissionais ligados ao empreendedorismo debateu possíveis soluções para uma educação empreendedora contundente e eficaz, que colabore para a superação da atual crise política. O evento, organizado pelo Núcleo de Empresas Juniores (NEJ-UFBA) e Pró-Reitoria de Ensino de Graduação (Progad), fez parte da programação do segundo dia do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão da UFBA.
Por aproximadamente uma hora, o público acompanhou atentamente as palavras do empresário Oded Grajew, um dos mais respeitados nomes do empreendedorismo social no Brasil. Fundador de várias empresas e instituições, entre elas a Grow, a Fundação Abrinq, o Instituto Ethos e o Movimento Nossa São Paulo, e também um dos idealizadores do Fórum Social Mundial, Grajew delineou rapidamente, em tom sereno e com exemplos simples, sua trajetória profissional, para em seguida dedicar-se a um discurso inspirador, com ideias para tornar o país menos desigual e com mais responsabilidade social.
O empreendedor traçou um paralelo entre os indicadores que medem a responsabilidade social de uma empresa e a saúde. “Assim como vamos ao médico fazer um checkup para ter resultados, deve-se fazer um checkup do seu empreendimento, seja uma empresa, uma instituição ou uma ONG”, disse. Ele fez um alerta de que “não adianta falar que a empresa tem responsabilidade social, a hora da verdade é a hora dos indicadores”.
Antônio Carlos Aquino de Oliveira, administrador e CEO da Rede Internacional de Mídia Exterior (Rime), sediada em Salvador, em seguida levantou pontos críticos no panorama político e empresarial, numa sociedade que vive, no momento, “um profundo caos”. Aquino valeu-se de sua experiência empresarial para levantar questões em torno do abismo que vê entre teoria e prática, entre mundo produtivo e mundo acadêmico. Entretanto, revelou-se surpreso com a quantidade de empresas juniores que existem na UFBA. “Há algo errado na comunicação, a sociedade não sabe disso, o mundo produtivo de fora não sabe que dentro da universidade tem esse mundo produtivo, essa incomunicabilidade tem que ser rompida”, sugeriu.
O empresário também defendeu uma educação empreendedora mais prática, que pense em novos modelos capazes de diminuir as “ilhas de ineficiência”, ou seja, “faculdades que estão produzindo profissionais ruins, prepotentes e analfabetos funcionais”.
O jovem empresário Pedro Rio, ex-diretor da Brasil Júnior e agora trabalhando junto a Ambev, ressaltou que “precisamos ser líder naquilo que a gente faz”, depois de também defender a necessidade de mais aulas práticas nos cursos que têm relação com a atividade empreendedora. “Não basta aulas téoricas de empreendedorismo, é esse o momento de mudar o meio, implementando mais aulas práticas”.
Almerinda Luedy, do Núcleo de Assessoria de Planejamento da Prograd defendeu o empreendedorismo como um caminho para o desenvolvimento social do país e exibiu ao público o volume impresso do programa do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão da UFBA, observando que ali estão listados mais de dois mil trabalhos com apresentação marcada os dois dias do evento. Isso significa uma contribuição acadêmica para uma sociedade melhor, em sua visão. “A educação empreendedora na UFBA tem sido incluída transversalmente na grade”, disse. Como representante do NEJ, participou também da mesa Alice Neri.
O debate encerrou-se com um vislumbre de mudança a partir das eleições em 2018. “Um novo congresso é possível”, disse um esperançoso Oded Grajew. “É preciso requalificar o congresso nacional, com novas políticas públicas que não sejam alimentadoras de desigualdade”, acrescentou, antes de deixar como proposta uma pergunta para cada um na audiência: “O que eu posso fazer para melhorar meu país em 2018?"
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