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Coragem para defender a universidade pública marca abertura do Congresso UFBA 2017

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O reconhecimento do senso de necessidade e ato de coragem, que é defender a universidade pública no atual cenário político brasileiro, esteve presente nas falas dos parlamentares,  reitores de instituições federais de ensino superior e representantes de entidades da sociedade civil que participaram da abertura do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão da UFBA, realizada no final da tarde de 16 de outubro, no salão nobre da Reitoria da UFBA.  Palavras como luta, coragem, resistência, força, educação, união, fé, povo e direitos sociais ecoavam em meio ao auditório lotado e confundiam-se com os brados e aplausos de um público formado por jovens estudantes, professores e trabalhadores  de todas as idades, reunidos em torno da proposta do evento para “defender e celebrar a universidade pública, gratuita e de qualidade”.

De acordo com o reitor João Carlos Salles, que conduziu a cerimônia, “as atividades programadas para acontecer durante os três dias do congresso têm a responsabilidade de chamar atenção para a importância da universidade como agente de transformação com impacto em toda a sociedade, e por isso, a importância de todos lutarem por ela”.   Parabenizando a realização do evento, o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso das Ciências (SBPC), Ildeu de Castro Moreira, classificou-o como “uma ação atividade de resistência que todos nós precisamos exercer frente ao processo de retrocesso em que estamos vivendo nas ciências, na educação, nos direitos sociais e nos serviços públicos”.

A deputada federal Alice Portugal que é servidora técnica do Hospital Universitário Professor Edgard Santos propôs uma homenagem ao professor João Carlos, como “reitor-companheiro”, devido à “coragem de encampar a luta em defesa da universidade”, lembrando que a UFBA também “foi a primeira a se levantar para reagir desde os tempos da ditadura militar”.  O também integrante do quadro da Universidade e parlamentar da Câmara Federal, Jorge Solla, alertou a comunidade universitária para  “o retrocesso que representam os cortes das verbas de financiamento de projetos de pesquisas e outras atividades acadêmicas”, destacando por isso, como  “é importante construir a luta em defesa de nossa instituição de ensino”. 

Enxergando o momento como “de comemoração, mas de resistências”, a senadora Lídice da Mata, pontuou – em carta enviada ao evento, devido a compromissos na capital federal – que a realização desse congresso, a UFBA reafirma o compromisso como universidade pública e com ensino de qualidade”.  A parlamentar que foi estudante da UFBA e presidente do diretório central dos estudantes, também reconheceu que “a importância de defender a UFBA como patrimônio”. Também feliz por trazer à tona suas experiências no movimento estudantil e como professora da UFBA, a ex-vereadora Aladilce Souza conclamou toda a sociedade para “defender o restabelecimento do funcionamento pleno das universidades”.  

Os vereadores Hilton Coelho e Sílvio Humberto também apresentaram suas manifestações de apoio em prol da UFBA.  Coelho reconheceu como o ato realizado é “muito corajoso nesse momento político” e Humberto reafirmou que somente “todos juntos podemos mudar alguma coisa”.  A secretária-geral da União Nacional dos Estudantes (UNE), Mariana Jorge, entende que mais do que coragem, “o ato em defesa da universidade é um ato de resistência”.  Para ela é uma “luta fundamental por melhores condições para a população, justamente nesse momento histórico em que a UFBA ‘pintou sua cara de povo’, devido às políticas assistências e de acesso”. 

Considerando o Congresso como um espaço de troca e mudança,  o coordenador do Sindicato dos trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Universidades Federais do Estado da Bahia (ASSUFBA), Renato Jorge, afirmou que  “a transformação da sociedade se dá pelo diálogo e isso é o que se fará aqui nesse congresso”.  A professora e atriz Meram Vargens recitou o poema “O rebanho e homem”, num claro convite ao exercício da condição humana em rejeição à atitude conformista do gado, que se desloca indiferente para o “matadouro ou para pasto”.

 

Tesourômetro

Já no começo da noite, coroando as atividades de abertura do Congresso UFBA 2017, aconteceu a ativação do tesourômetro, que é um painel eletrônico disponibilizando dados numéricos sobre a redução de investimentos em ciências e tecnologia, realizados pelo Governo desde 2015, nos recursos destinados ao orçamento das universidades públicas e desenvolvimento das ciências.  O equipamento que está na frente da Reitoria da UFBa, no Canela, tem o objetivo de “denunciar os cortes, desmonte e retrocesso impostos à educação superior, à pesquisa científica e ao serviço público”, disse  Ildeu de Castro Moreira da SBPC..

O tesourômetro  integra a campanha “Conhecimento sem Cortes” e já foi instalado em outras universidades públicas do país, com a finalidade de sensibilizar para a recomposição dos recursos públicos destinados às ciências.  A presidente do Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior da Bahia (APUB), Luciene da Cruz Fernandes, acredita que  “é uma oportunidade de dialogar com a sociedade”, pois conforme salientou Moreira,  “a redução dos recursos que atualmente é equivalente a 1/3 do que tínhamos em 2010 ou 25% do montante que foi destinado 8 anos atrás,  não afeta só a universidade ou os cientistas, mas também a economia e a vida do povo brasileiro”. 

O painel permanecerá mostrando as atualizações dos cortes do orçamento que “já é o mais baixo dos últimos 12 anos para pesquisa e educação”, destacou o professor da Universidade Federal do Ceará, Ênio Monte de Deus.  A colocação do tesourômetro é fruto de uma parceria entre a UFBA, o Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior da Bahia (APUB),  o Diretório Central dos Estudantes (DCE-UFBA) e o Sindicato dos trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Universidades Federais do Estado da Bahia (ASSUFBA).