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Cerimônia de Posse - discurso do vice-reitor Penildon Silva Filho

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Começamos agora mais uma jornada, e tenho muita satisfação e honra em poder contribuir e auxiliar como vice-reitor o professor Paulo César Miguez na tarefa de dirigir a Universidade. Professor Miguez reúne as qualidades de distinto pesquisador em sua área de economia da Cultura, ótimo gestor, de dedicação à causa da Educação, da Universidade, da Cultura e da Ciência, e já está dando continuidade à luta e ao trabalho da comunidade da UFBA de defender a Democracia e a Universidade pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada, espaço privilegiado de realização da Ciência, da Cultura, das Humanidades e também da inclusão e do compromisso social.

A Universidade é provavelmente a instituição criada pela Humanidade mais engajada nos processos de avanço civilizatório, democrático, social, econômico e cultural. É uma instituição complexa, que pela sua natureza ultrapassa os indivíduos que a compõe para continuamente recriar a utopia de uma civilização humana internacionalizada, que não reconhece fronteiras para cooperar pelo avanço da Ciência e da Cultura, que procura suplantar as discriminações e preconceitos no intuito de construir um mundo mais igualitário nas condições de vida e valorizador das diversidades humanas.
Uma instituição que, nos dizeres de Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro, se caracteriza pela autonomia de pensamento, de cátedra e de pesquisa, pela liberdade para questionar, e ao mesmo tempo pelo profundo compromisso com a construção da soberania nacional.

Soberania que apenas pode ser alcançada pela soberania científica e tecnológica, pela soberania cultural, pela superação dos grandes problemas nacionais, como a fome, a miséria, a desigualdade e a exclusão. A esses desafios elencados ainda na década de 1960 por esses dois grandes pensadores e realizadores da Educação brasileira, que criaram juntos a Universidade de Brasília, se somam outros desafios que se tornaram mais evidentes e urgentes, como a sustentabilidade ambiental e a desconstrução do mito da democracia racial e o esforço para construir um país que supere a herança escravista do racismo estrutural.

Gostaria de agradecer a muitos pelo privilégio dessa caminhada coletiva. Agradeço ao professor João Carlos Salles pela oportunidade de contribuir com seu reitorado e poder ajudar na sua defesa leonina da Universidade Pública e de sua autonomia. Foram 8 anos de Congressos, Fóruns, Vida Universitária pulsante, até mesmo no maior momento de tristeza mundial neste século, a pandemia. Estamos vivenciando o pior momento social nesse século e agora é a hora de lutarmos para que a Ufba cumpra o seu lugar de instituição transformadora de realidades e ajude através da sua excelência a construir um novo Brasil, onde sem sombras de dúvidas comprovaremos mais uma vez que a Bahia é o centro do mundo.

Permitam-me citar professor Edivaldo Boaventura como representante dos professores e orientadores que me formaram intelectualmente, culturalmente e até espiritualmente para homenageá-los. E permitam-me, em nome da família e de todos os amigos, agradecer ao apoio e inspiração de Maria Cristina e Maria Luísa, esposa e filha, de meus irmãos Marcos, Luciana e Eliana, e principalmente de meus pais, Penildon Silva e Ana Maria Figueredo, in memoriam.

Será um privilégio poder contribuir com sua gestão, professor Miguez, especialmente em um momento de necessidade de afirmação dos valores da Democracia, da diversidade, da justiça social e da sustentabilidade ambiental na Sociedade brasileira. Viva a Universidade Federal da Bahia, viva a Educação Pública, viva a Democracia no Brasil!