Em meio à Semana Nacional pela Democratização da Comunicação e no âmbito das atividades de preparação do Fórum Social Mundial – que acontecerá em Salvador de 13 a 17 de março de 2018 – uma mesa no Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão da UFBA debateu na terça-feira, 17, a relação entre comunicação e democracia. As discussões centraram-se na convicção de que os meios de comunicação precisam ser mais plurais para que o país fortaleça sua democracia.
Sob o título "Democracia e comunicação: alternativas ao poder das grandes corporações", e coordenação de Dina Lopez, da TV Kirimurê, as palestrantes caminharam da necessidade da presença dos movimentos sociais nas mídias ao fortalecimento da comunicação pública. E ressaltaram que, ao debater democratização dos meios, não se trata de estatização de empresas privadas, mas da complementariedade entre veículos privados, públicos e estatais, prevista no artigo 223 da Constituição.
Rita Freire, por exemplo, ex-presidente do Conselho da Empresa Brasil de Comunicação, ressaltou que "os movimentos sociais precisam comunicar para mobilizar as resistências".
Uma comunicação diversa, além do quesito político, abrangeria também as diferenças culturais, raciais e religiosas existentes no Brasil, destacaram outras palestrantes. Assim, em referência aos recentes casos de intolerância religiosa ocorridos no país, Renata Mielli, uma das coordenadoras do Fórum Nacional da Democratização da Comunicação (FNDC), afirmou que “sem um ambiente plural de debate, o que floresce é o ódio”, e ressaltou a importância de as empresas públicas de comunicação abordarem em sua programação questões sociais, educativas e culturais.
Foram também palestrantes na mesa Norma Fernandez, argentina, membro do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial, e Bia Barbosa, de São Paulo, outra coordenadora do FNDC, entidade que lançou durante o evento, disponibilizando-o pelo Facebook, o relatório final da campanha “Calar Jamais!”, criada para monitorar os casos de cerceamento à liberdade de imprensa no país.
Outras vozes ainda foram ouvidas no debate, como a de Flávio Gonçalves, diretor do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (Irdeb), que manifestou o apoio da TVE e da Rádio Educadora à democratização dos meios de comunicação. Ao final do debate, em convergência com o pedido de pluralidade de vozes feito pelas palestrantes, público e artistas puderam usar o microfone, discutindo o tema ou declamando poesias e apresentando raps.