A Universidade Federal da Bahia segue firme em luta contra os cortes orçamentários impostos pelo governo federal à Universidade Pública brasileira, mantendo-se em funcionamento e buscando alcançar metas de expansão e ampliação de seu alcance social, de forma inclusiva e com a qualidade que a distingue. As dificuldades enfrentadas são muitas, mas nada justifica que um jornal de relevância local como o Correio da Bahia, ao qual a UFBA dispensa tratamento cordial e respeitoso, afirme que a Universidade esteja “Em colapso por falta de verbas” – título de reportagem de página inteira, com chamada de capa, na edição impressa de 01 de setembro, publicada também em versão online.
A reportagem depreende, a partir de um conjunto de declarações colhidas junto a integrantes da comunidade universitária, em diferentes momentos e contextos, que a “queda no repasse do governo federal gera início de degradação na universidade”. A UFBA iniciou há duas semanas seu segundo semestre letivo neste ano e evolui a cada dia rumo à plena retomada das atividades presenciais, após dois anos de espaços desocupados pela maior parte de sua comunidade, em função da pandemia - o que vem requerendo continuado esforço de manutenção e recuperação. Entretanto, em que pese os graves e inaceitáveis cortes orçamentários sofridos pela instituição acarretarem dificuldades de variada ordem ao pleno funcionamento da Universidade, não é correto o retrato de caos, desordem e abandono pintado pela reportagem.
Contrariamente a esse cenário de decadência e “sucateamento”, somente em agosto a UFBA inaugurou três grandes edifícios voltados ao ensino, à pesquisa e à extensão: o Anexo à Faculdade de Arquitetura: o Laboratório de Preparação e Análise de Amostras do Instituto de Geociências: e o novo prédio do INCT Energia & Ambiente. Também foi entregue à comunidade universitária o Salão Nobre da Reitoria, que passou por cuidadosa restauração. Outras obras, como a de um dos prédios do conjunto que sediará o Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos e o Ponto de Distribuição de Alimentos do campus do Canela, estão em fase final e em breve serão entregues à comunidade. Condições orçamentarias adversas não são novidade e têm afligido a Universidade nos últimos anos, mas nossa comunidade não se deixa abater na busca pela excelência acadêmica própria da UFBA – exemplo disso são as quatro teses recentemente agraciadas nacionalmente pelo prêmio Capes, o que foi registrado em excelente matéria do próprio Correio.
A UFBA vem tomando medidas para conter despesas, mas não há atraso em nenhum item básico de funcionamento, como faturas de energia elétrica, fornecimento de água, serviços de segurança e limpeza, por exemplo. Tampouco houve reduções de pessoal ou bolsas em relação ao previsto no início do ano. A Universidade segue buscando reverter os cortes, recorrendo inclusive ao diálogo com a bancada baiana no Congresso, e qualquer redução em contratos ou serviços que porventura seja necessária até o final do ano será oportunamente informada.
Resta à Universidade reiterar a resposta dada ao Correio em outra ocasião: a UFBA não espera condescendência da imprensa e acredita no importante papel de crítica cidadã por ela exercido como fator fundamental para a manutenção da democracia no país. O que a UFBA jamais aceitará é a instrumentalização de seus problemas e desafios, enfrentados com grande brio por sua comunidade, para produzir, seja qual for a finalidade, um irreal cenário de terra arrasada.