“Nesse momento, a universidade pública tem sofrido ataques, vem sendo questionada. É preciso, portanto, aproveitarmos todas as ocasiões especiais - e o Fórum é uma delas - para mostrar que a universidade pública é um lugar especial na formação de valores, de pessoas. Ou seja, realizar o Fórum é uma maneira de dizer que sim, um outro mundo é possível. E lutamos por isso, mas nenhum mundo vale a pena sem universidade pública, gratuita e inclusiva, e de qualidade”, refletiu o reitor da Universidade Federal da Bahia, João Carlos Salles, durante a coletiva de imprensa realizada pela organização do Fórum Social Mundial nesta terça-feira, 06 de março, na sala dos Conselhos da Reitoria da UFBA.
A coletiva, que atraiu jornalistas dos grandes veículos de comunicação da Bahia e da imprensa alternativa, informou sobre as principais atividades, programações e presenças confirmadas para o Fórum Social Mundial de 2018, que acontece entre os dias 13 e 17 de março de 2018, em Salvador. O evento já conta com 20 mil inscritos, informou Rita Freire, representante do Conselho Internacional do FSM 2018, que conduziu os trabalhos.
Homenageando o Dia Internacional da Mulher (08/03), uma mesa composta exclusivamente por mulheres abriu a coletiva. Fátima Fróes, Anne Sena, Islania Costa, todas do grupo facilitador do evento, falaram sobre as expectativas para o Fórum, reconhecendo a pluralidade temática e de atores como principal característica do evento. Elas deram destaque à Assembléia Mundial das Mulheres, em 16 de março, a ser realizada durante o Fórum. Informaram também sobre a marcha das mulheres, em 08 de março, às 13h, saindo da Piedade, com o tema “Mulheres, resistir e transformar!”, com apoio da pró-reitoria de ações afirmativas e assistência estudantil (Proae) da UFBA.
Em seguida, os reitores da UFBA, João Carlos Salles, e da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), José Bites de Carvalho, compuseram a mesa da coletiva. O reitor da Uneb falou da participação da universidade e destacou as diversas atividades prévias ao evento que aconteceram na universidade. “Espero que seja um encontro de resistências frente a esse momento crítico que o país enfrenta”, disse Carvalho. Para o reitor João Carlos Salles, é uma grande alegria para a UFBA abrigar o Fórum Social Mundial 2018. Ele deu destaque à abertura da exposição de fotos de Sebastião Salgado sobre os índios Korubo, dia 12, na antessala da reitoria. Também ressaltou a homenagem da Universidade ao casal de cientistas Zilton Andrade e Sônia Andrade e ao artista plástico e escritor Mestre Didi, Deoscóredes Maximiliano dos Santos, cujo centenário foi celebrado em 2 de dezembro de 2017, e as mesas que discutirão universidade pública e a universidade e a comunicação.
Num terceiro momento, representantes dos diversos organizadores do FSM 2018 deram continuidade à coletiva. Entre eles Damien Hazard destacou o processo de construção coletiva, enfatizando que os 19 eixos temáticos que irão integrar o Fórum irão discutir problemas contemporâneos de nossa sociedade, “as nossas angústias”. Ele citou também líderes políticos e entidades sociais do Brasil e do mundo que estão presentes no evento. Kãhu, da etnia pataxó, falou sobre o acampamento dos povos indígenas, que ficará localizado em frente à assembléia legislativa da Bahia a partir do dia 12, e espera receber aproximadamente 130 povos indígenas. No Fórum, eles irão contar sua história, seja em palestras quanto em manifestações artísticas. “Precisamos mostrar nossa visão e nossa luta, e alertar para o grande genocídio indígena que acontece no país”, disse Kãhu.
Inscrições para o FSM 2018 continuam
Cerca de 200 jornalistas de diferentes mídias já se inscreveram para cobrir o Fórum. As inscrições de jornalistas e comunicadores para o Centro de Mídia do Fórum Social Mundial 2018 podem ser feitas pelo site do evento até 10 de março, por meio de formulário http://bit.ly/2Fa8z7S e, presencialmente, no dia 13 de março. Uma vez aprovadas as credenciais, elas deverão ser retiradas no balcão de mídia da UFBA.
Criado em 2001 por organizações e movimentos sociais, como um contraponto ao Fórum Econômico Mundial, o FSM tornou-se um espaço privilegiado de articulação da sociedade civil planetária e da construção de alternativas sócio-políticas ao neoliberalismo. Após as primeiras edições em Porto Alegre (2001, 2002, 2003 e 2005), o FSM percorreu o mundo com encontros em Mumbai, Caracas, Karashi, Bamako, Nairobi, Belém, Dacar, Tunis e Montreal, vindo agora, pela primeira vez, para a Bahia. Com o lema “Resistir é criar, resistir para transformar”, o FSM 2018 reunirá movimentos sociais de todos os continentes. Além do campus de Ondina – território principal do evento -, outros espaços na cidade serão ocupados.