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Estudantes são voluntários em programa de melhoria habitacional em periferias

Estudantes da UFBA são 30% da Teto Brasil

Na prática de ações voluntárias, erguendo moradias emergenciais e pensando soluções para melhorar as condições de moradores de áreas periféricas da Região Metropolitana de Salvador, estudantes da UFBA, aprendem como aplicar, com responsabilidade social, conhecimentos obtidos em sala de aula, adequando-os à realidade de áreas carentes de infraestrutura nas cidades.

A atuação, fruto de uma parceria da Escola Politécnica e Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFBA com a organização não-governamental Teto Brasil, vem buscando a melhoria do processo construtivo desses abrigos emergenciais, segundo o professor do Departamento de Construção da Escola Politécnica, Jardel Gonçalves.

Orientados por esse objetivo, estudantes de vários cursos da Universidade, membros da Teto Brasil e representantes das comunidades beneficiadas participaram do I Encontro de Estudo Prático do Direito à Moradia – cidadania, arquitetura e engenharia social, na última quarta feira, 1º de fevereiro, na Escola Politécnica. Tratava-se ali de debater o aperfeiçoamento de ações construtivas que levem em conta a informalidades de áreas não alcançadas pelos poderes públicos. As discussões centraram-se nos desafios que os voluntários da UFBA enfrentam para levar em conta as características locais e específicas das comunidades durante a construção de moradias.

Viviane Soares, diretora operacional da Teto Brasil na Bahia, relata que  30% dos voluntários da ONG no estado são estudantes de vários cursos da UFBA.  Eles atuam tanto com dedicação fixa, uma vez por semana, ou pontual, em ações específicas realizadas ocasionalmente, em localidades como Che Guevara em Dias d´Ávila,  Kigoma em Lauro de Freitas, Vila Vitória em Fazenda Grande III,  Vila Esperança em Pau da Lima, Paz e Vida em Santo Inácio e Vila Esperança em Cajazeira XI, informou.

Além de beneficiar pessoas em condições precárias, as atividades funcionam como uma via de mão dupla, provocando mudanças marcantes nos futuros profissionais. Leonardo Stanziola, que cursa o último semestre de arquitetura e é voluntário na Teto há dois anos, garante que a atuação voluntária deu-lhe um novo olhar sobre a construção, possibilitando enxergar propostas diferenciadas. “Somente com o envolvimento nas comunidades percebi possibilidades se abrindo como um leque. Pude encontrar soluções para áreas informais que não são trabalhadas na academia. É uma troca que serve para entender como agir em áreas precárias e propor mudanças técnicas com a participação ativa dos moradores”, disse o formando.

O mesmo sentimento é compartilhado por Gabriel Santos, concluinte de Engenharia Civil e atuante na Teto desde dezembro de 2015.  “Eu era cheio de expectativas para aplicar meus conhecimentos na prática, mas quando cheguei na comunidade, tive um ‘choque de realidade’ diante dos problemas existentes e percebi que, muito mais do que erguer uma casa, era preciso melhorar a infraestrutura do entorno”, contou o estudante.  “Por isso é necessária a atuação de voluntários de várias áreas para realizar ações em várias frentes de trabalho”, concluiu o jovem.

 

Junção de saberes

Essa “junção de saberes de campos de distintos é o ponto fundamental da parceria entre a UFBA e a Teto, em prol de comunidades precarizadas”, observou a professora da Faculdade de Arquitetura, Lídia Quieto Viana.  Ela destacou que “as ações realizadas reforçam o papel da universidade que é retornar seu conhecimento para a sociedade, na forma de assistência técnica aplicada às necessidades reais da sociedade em que está inserida”.

O professor Jardel também enfatizou que o projeto de reformulação do processo construtivo de unidades emergenciais contará com a produção, no próximo mês de março, de um protótipo de 18 metros quadrados (m2) nas dependências da  Faculdade de Arquitetura.  O objetivo é analisar o conforto térmico da moradia, levando em conta as condições climáticas locais, já que a casa emergencial de madeira da Teto é padrão e produzida em 48 horas, nos vários locais onde realiza as intervenções, explicou o docente.

 

Fonte: EdgarDigital

Foto: TETO Brasil