Baseada no clássico de Samuel Beckett “Esperando Godot”, e em cinco contos de Luiz Fernando Veríssimo, está em cartaz no Teatro Martim Gonçalves (Escola de Teatro) a peça “Amanhã, às oito”, montagem de conclusão do XXVI Curso Livre de Teatro da Universidade Federal da Bahia (UFBA), levando ao palco o drama, a angústia e o humor das pessoas que passam a vida esperando o espetáculo acontecer, sem nunca ter a coragem de entrar em cena. A peça, dirigida por Paulo Cunha (vencedor do Prêmio Braskem de Melhor Direção por “O beijo no asfalto”), estreou nesta quarta-feira (18 de janeiro) e permanece em cartaz até o dia 5 fevereiro, com apresentações gratuitas de quarta a domingo, às 20h. As senhas que dão acessão à peça serão distribuídas por ordem de chegada a partir de uma hora antes das apresentações.
A montagem tem cerca de duas horas de duração. Nesse tempo, os 20 atores (19 deles concluintes do XXVI Curso Livre e o ator convidado Danillo Novais) ficam sentados em uma plateia montada no palco. Há, em cada um dos personagens, a esperança e, de certa forma, a certeza de que o espetáculo recomece “Amanhã, às oito”. Durante a espera, o verão passa (há nesse trecho uma crítica à produção musical baiana), o inverno chega, um casal dá início a um namoro, depois, em uma cena seguinte, já aparece com um filho nos braços. Esses recursos são usados propositalmente para indicar a passagem do tempo e a inércia de quem vive como espectador do espetáculo da vida, e não como atores desse espetáculo. “Como a cena é uma reflexão da plateia, torna-se um espelho dos próprios espectadores que estão no teatro. É como se os espectadores-atores esperassem dos espectadores que eles fizessem alguma coisa”, explica Paulo Cunha, que além de diretor da montagem é
também responsável pelo roteiro.
Além dos textos de Luiz Fernando Veríssimo e de Samuel Beckett, parte do roteiro foi produzida por meio de improvisações em sala de aula com o auxílio dos alunos do curso de teatro. Paulo Cunha dirige o espetáculo com assistência de Marta Saback e Mariana Freire, que também são professoras da Escola de Teatro da Ufba, de técnicas vocais e de técnicas corporais, respectivamente. Professor da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia, Paulo Cunha fez curso de direção teatral de 1979 a 1983, especialização em sonoplastia e passou a ensinar na UFBA em 1992, quando começou a trabalhar com cursos livres Cunha já dirigiu espetáculos como “O Beijo no Asfalto” (Prêmio de Melhor Diretor pelo Braskem) e Cabaré Brasil, dentre outros.
Curso - O Curso Livre da UFBA inscreve para seleção até 03 de fevereiro. São 60 vagas para pessoas com idade a partir de 18 anos e que tenham ensino fundamental completo, sem exigência de experiência anterior. O curso tem um programa permanente de extensão que oferece noções e técnicas fundamentais para o exercício da arte do ator. Sua estrutura permite atender tanto iniciantes na linguagem teatral como aqueles
que visam o aperfeiçoamento técnico em interpretação. Ao longo de seus 26 anos, a formação tem demonstrado também sua eficácia como preparatório para quem deseja ingressar nos bacharelados em Artes Cênicas ou na licenciatura em Teatro, oferecidos pela UFBA. A taxa é de R$ 50. Mais informações em (71) 3283-7850 e 3283-7851.