Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, foi realizado na noite de terça-feira, 8 de março, o lançamento local do livro “Mulheres na Física: casos históricos, panorama e perspectivas”, editado pela Livraria da Física. O evento aconteceu na antessala do Gabinete da Reitoria da UFBA, com a presença dos organizadores do livro Elisa Saitovitch (CBPF), Márcia Barbosa (UFRGS), Suani Pinho (UFBA) e Ademir Santana (UNB), que foram recebidos pelo reitor da UFBA João Carlos Salles. Também participou da organização da obra a professora Renata Funchal (USP).
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O livro “Mulheres na Física” apresenta uma coletânea de artigos sobre mulheres da História Universal da Física, mulheres pioneiras da Física no Brasil e dados sobre participação feminina na área, escritos por autores convidados, entre os quais três atuam ou atuaram no Instituto de Física da UFBA: Aurino Ribeiro Filho (in memoriam), Olival Freire Júnior e Saulo Carneiro. Durante o evento, o professor aposentado do Instituto de Física Benedito Leopoldo Pepe prestou uma homenagem ao professor Aurino Filho, que exerceu a direção da unidade de ensino e faleceu no ano passado. Outro autor que participou do lançamento foi o Pró-Reitor de Pesquisa, Criação e Inovação e de Ensino de Pós-Graduação da UFBA, Olival Freire, que também é professor do Instituto.
O livro foi organizado pelos membros da antiga Comissão das Relações de Gênero da Sociedade Brasileira de Física. A professora Suani Pinho, que é uma das organizadoras, destacou o objetivo do livro de propor uma reflexão sobre a participação feminina no campo científico, especialmente no caso da Física, que notadamente apresenta um número reduzido de mulheres. Ela chamou atenção para a evasão de alunas do estudo da disciplina, fato que se acentua ainda mais na pós-graduação por uma série de motivos. “A gente espera que o livro venha ajudar a despertar o interesse das mulheres pela Física. Também é necessária a promoção de ações afirmativas para estimular a participação feminina na área” concluiu.
Durante a visita à reitoria, o professor Ademir Santana (UNB), outro dos organizadores da obra, recordou o exemplo de grandes mulheres da Física, a exemplo de Emmy Noether, que fundou a física contemporânea com os seus teoremas e foi perseguida na Alemanha nazista, migrando para os Estados Unidos, onde pôde dar sequência à sua carreira. Também foram citados os nomes de Mary Lucy Cartwright e Sonja Ashauer, que estão entre as cientistas escolhidas para terem suas trajetórias retratadas na obra devido à sua relevância histórica.
A professora Elisa Saitovitch (CBPF) afirmou que é preciso aumentar o número de mulheres na área, mas acima de tudo é necessário qualificar essa participação. Márcia Barbosa (UFRGS) falou sobre a questão de gênero na disciplina: “Talvez não seja apenas uma questão de machismo. Mas a ausência de mais exemplos femininos na ciência acaba por desestimular as mulheres para a área. A falta de incentivo muitas vezes também pode partir da família, da mídia e do fato das mulheres serem sempre minoria nas salas de aula”. A obra assume essa importante tarefa de compartilhar com o público a história de vida e trajetória profissional de mulheres que se destacaram no estudo da ciência e deram grandes contribuições, inspirando, dessa maneira, futuras gerações.
Sobre o livro
O livro “Mulheres na Física: casos históricos, panorama e perspectivas”, editado pela Livraria da Física, está dividido em três partes. Na Parte I, os capítulos descrevem as trajetórias de mulheres da história universal do período contemporâneo em sua atuação na área de física. Os capítulos da segunda parte do livro são dedicados às mulheres da história da física no Brasil, dando ênfase ao pioneirismo destas mulheres e o impacto que tiveram na criação de diferentes instituições no Brasil. A terceira e última parte aborda questões sobre a pouca participação de mulheres na disciplina, realizando uma análise de natureza estatística. A pesquisa, baseada nos bancos de dados de agências de fomentos, da Sociedade Brasileira de Física e em dados provenientes dos encontros internacionais e nacionais, tenta trazer luz ao problema da insipiente participação das mulheres em Física.